Debate de temas sobre a Policia Judiciária, investigação criminal, prática judiciária e temas de direito. Se quiser enviar artigos: invescriminal@gmail.com

domingo, 26 de junho de 2011

O(A) novo(a) Director(a) Nacional- um sinal e uma esperança

Agora que a comissão de Almeida Rodrigues já chegou ao fim (há um mês!!!!!) vai ser importante ver o que a nova ministra vai fazer em relação à PJ, e que ditará o futuro da nossa instituição. Renovar a comissão à actual Direcção Nacional ( ou promover a director nacional alguém desta direcção) é assinar a sentença de morte da PJ, pois quem nada fez em 3 anos...........É importante dizer que grande parte dos Inspectores desta PJ é da opinião que esta foi das piores direcções que nos últimos anos passaram pela PJ e não querem repetir a nomeação de Policias para Director Nacional.
Disto isto, poderemos especular um pouco sobre os nomes que estarão em cima da mesa de Paula Teixeira da Cruz, e esperar que a nomeação do Director Nacional seja feita para "lutar" contra a manutenção do PGR:
- Maria José Morgado- Procuradora actualmente directora do DIAP de Lisboa, conhece - como muito poucos- Duques, condes e marqueses do MP e a Policia Judiciária, sabe que terá de fazer uma " revolução " na PJ pois a meritocracia há muito que deixou de ser critério de ascensão na carreira. Resta saber se nesta fase da sua vida tem vontade para tal missão.
- Carlos Alexandre- Juiz do Tribunal Central, um workaholic ultra-competente, com muita vontade de ser Director Nacional da "Bófia" e teria a vantagem de ser um contra-poder do actual PGR. Tem como desvantagem a visão "romântica" que tem da Policia e de apenas conhecer o lado "bom" da Policia (leia-se os processos de droga de tráfico marítimo, as grandes falsificações, alguns processos de corrupção) não saberá onde se irá meter; de outra forma, desconhece-se se o poder politico terá vontade de colocar como Director uma verdadeira "locomotiva" jurídica capaz de por a PJ nos trilhos e a todo o vapor.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

O assobio continua?

Agora que o projecto da " fusão" de policias civis(?????) parece -para já - adiado, talvez fosse tempo de a ASFIC (sim porque desta Direcção Nacional apenas se pode esperar que faça os impossíveis por se manter no cargo) exija mudanças na Policia Judiciária e na estrutura da investigação criminal: alterações na estrutura da policia ( para quando a junção em Lisboa das Secções que investigam a criminalidade violenta sob o mesmo "chapeú"?) e nas normas de funcionamento ( Piquetes, trabalho suplementar, etc....), interligação entre os diversos sistemas de informações das Policias, coordenação das investigações e cumprimento da LOIC,
Ou será que vamos continuar a assobiar para o lado e ver a Policia a degradar-se a cada ano que passa?

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O plano de porco verde

Discussão pública do "plano secreto" do PSD para unificar todas as polícias

por Adriana Vale, Publicado em 15 de Junho de 2011
Sindicatos contestam o projecto para a criação de uma nova polícia que reúne PSP, PJ e SEF e que deixa a GNR de fora

Ainda não se tinha chegado ao dia das eleições quando os sindicatos souberam da existência de um plano do PSD - nessa altura secreto - para a criação de uma nova polícia, que seria Polícia Nacional. Grande parte das associações sindicais da polícia não vê com bons olhos o projecto de unificação, embora nem todos os sindicatos estejam contra. O PSD, por sua vez, não quis comentar a existência deste projecto.

Segundo o documento, a que o i teve acesso, seriam integradas em processo de casamento de conveniência a Polícia de Segurança Pública (PSP), a Polícia Judiciária (PJ) e o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). A PSP tinha de deixar para trás o GOE e a Judiciária perdia a exclusividade na direcção do laboratório de polícia científica, que ficava "na dependência do secretário-geral do sistema de segurança interna". A GNR continuaria assim à parte, o que se explicava pelo carácter dual do sistema de segurança, civil, por um lado, e militar, com a GNR, por outro.

Todos os que estariam incluídos na Polícia Nacional fariam, como já fazem, investigação criminal, responderiam perante uma só direcção nacional e estariam divididos em direcções centrais. A direcção dos Recursos e Apoio, comum às três polícias; a de Segurança e Ordem Pública, caracterizada pelas missões da actual PSP; a de Prevenção e Investigação Criminal, com as competências actuais da PJ e da PSP; e a de Imigração e Estrangeiros com as competências actuais do SEF, "aditadas da emissão de passaportes e da concessão de vistos".

A esta estrutura acrescentar-se-ia um gabinete de imprensa comum, "uma direcção de Disciplina e Assuntos Internos, uma direcção de Cooperação Internacional Operacional (que incluiria a Interpol, a Europol e "outros considerados necessários") e uma direcção de Análise e Centralização da Informação "que servirão toda a estrutura", acrescenta-se no projecto.

A GNR também deveria ser alvo de uma "profunda restruturação", mas ainda não são revelados os seus contornos. Quanto a admissões, o documento assegura que "parece possível que num período entre três e cinco anos, não seja necessário efectuar admissões para as componentes de investigação criminal e dos estrangeiros e que para a da segurança pública, a mesma seja residual". Prevê-se também a "possibilidade de mobilidade interna entre as três componentes, o que dará flexibilidade na gestão do pessoal, com ganhos evidentes". O direito à greve é um pormenor que fica por resolver pois este é vedado à PSP, mas não à PJ e ao SEF, facto que "não poderá deixar de ser tido em conta". A investigação criminal estaria dividida em duas vertentes, a que está reservada à PJ e outra "de proximidade, com os crimes que ficam fora da área da competência reservada da Judiciária" que estaria atribuída aos actuais efectivos da PSP. Tudo isto pouparia dinheiro e teria o condão de sanar conflitos quotidianos entre as forças de segurança.



Casamento complicado A resolução de diferendos entre polícias não é objectivo fácil. A Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal da PJ (ASFIC), já fez saber que se vai "barricar" contra este projecto que revela desconhecimento da área da investigação criminal. Acredita também que pode ser uma tentativa de politizar e controlar a investigação. Paulo Rodrigues, da ASPP, Associação Sindical dos Profissionais de Polícia, também acha que "será muito difícil implementar este programa". Tudo precisa de ser "bem pensado e analisado e tem que se saber porque razão a GNR fica de fora, qualquer modelo deve ter por objectivo a resolução dos problemas e não a criação de novos".

Neste modelo a "PSP fica reduzida indirectamente a uma Polícia Municipal" e os problemas decorrentes do sistema dual e da duplicação de competências, com a GNR, mantêm-se. Para o representante sindical do SEF, o secretário nacional adjunto do SCIF, Mário Antunes Varela, o projecto "nasce sem pai e sem mãe" e a discussão foi inquinada pois o que está em causa é o que a população precisa e não o que as diferentes polícias precisam. Não precisamos de protagonismos, mas de ver o que se passa nos outros países em que foi implementado o sistema de uma só polícia, como a Áustria. Mais importante é saber "como este projecto será implementado" e garantir que serão "respeitados os direitos das pessoas", pois é sabido que os efectivos da PSP, da PJ e do SEF têm estatutos remuneratórios diferentes e acesso diferenciado aos meios de investigação. Peixoto Rodrigues, do SUP, Sindicato Unificado da PSP, não encontra qualquer desvantagem no projecto e a fusão com a PJ" será uma mais--valia para a PSP", sublinhando ainda que "o espírito corporativo não pode funcionar acima do interesse da população". Certo é que todos partilham da opinião que a questão mais importante reside na partilha de informação. Esta é, sem margem para dúvida, o ponto mais importante e de mais difícil resolução.

As equipas de queijo e fiambre

Guerra' entre polícias estragou prevenção no Algarve

Ministro da Admnistração Interna, Rui Pereira e o secretário-geral do sistema de segurança interna, Mário Mendes

A equipa mista de prevenção criminal que o ministro da Administração Interna, Rui Pereira, anunciou há ano e meio para combater a insegurança no Algarve foi extinta em Setembro do ano passado porque as forças e os serviços de segurança que a integravam não se entendiam.

A revelação é do ex-secretário-geral do Sistema de Segurança Interna juiz-conselheiro Mário Mendes, que no despacho de extinção que assinou, quando ainda exercia aquelas funções, apontou como uma das principais falhas a dificuldade na partilha de informação.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Será que os sinos dobram?

Mensagem recebida via mail:
Não estará na altura de "tocar os sinos" a rebate na PJ e " dar o litro" para mostrar que a nossa " existência" vale a pena?
Ou será que estamos todos apenas preocupados com os " carrinhos" novos que há para distribuir?
Julgo que está é a "hora" de suspender a greve e mostrar que a PJ tem futuro, embora me assaltem alguma dúvidas quando constato o "abandalhamento" a que a casa chegou, com peculatos de uso consuetudinários, com motoristas ilegais, carros de função, etc, etc. Assim efectivamente não servimos a População, servimo-nos.. até quando? Será que também não é por isso que a integração está a ser ponderada?
E quem tem medo da integração? È quem trabalha?
Enfim pistas de um status quo de quem ainda espera que os sinos dobrem e se façam ouvir....

sábado, 11 de junho de 2011

Um grande artigo

Os erros do PSD

por Paulo Pereira de AlmeidaOntem

Tal como afirmei na minha última crónica, preparar e executar reformas num sector de mais de 200 mil profissionais - como é o caso da segurança nacional - sem conhecer de perto o terreno é receita, como se viu em casos recentes, para o fracasso. Ora defendi que ouvir o terreno significa isso mesmo: escutar com humildade para - depois - decidir com propriedade.

Acontece que - a avaliar pelas notícias publicadas pelo DN a propósito da apresentação de um programa de reformas a alguns dos sindicatos da PSP e da PJ - o PSD cometeu alguns erros políticos. Estes erros políticos de palmatória levaram a uma primeira reacção de recusa na cooperação. Até um certo ponto, esta é compreensível: o PSD apresenta uma proposta de criação de uma Polícia Nacional que envolveria a fusão da PSP, PJ e SEF (Polícia de Segurança Pública, Polícia Judiciária e Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) através de uma figura, certamente respeitável, da GNR (Guarda Nacional Republicana). Ora - independentemente de alguma preparação técnica - existe um aspecto simbólico e de personalização que, numa área delicada e de soberania como a segurança interna, certamente que não poderá ser ignorada no futuro. Mas analisemos - ponto a ponto - três aspectos que me parecem determinantes para que se evitem erros na melhoria das condições de trabalho e na motivação dos profissionais da segurança nacional em Portugal: a cooperação do PSD com o CDS-PP; a escolha de líderes para o processo; e o envolvimento das pessoas no projecto.

Como se trata de três proposições que não são - antes pelo contrário - mutuamente exclusivas, vou falar de cada uma em separado, tendo sempre presente que a decisão sobre uma delas afecta as restantes. Quanto à primeira - a necessária boa cooperação com o CDS-PP, esta inicia-se no modelo de ministério: o PSD propunha a criação - aliás com lógica - de um Ministério da Justiça e da Administração Interna; se na distribuição de lugares o CDS-PP quiser repartir as pastas e ficarmos não com um mas sim com dois ministérios, esta repartição deve atender aos interesses do País e, nesse sentido, o lugar para a PJ deve ser amplamente discutido com as suas lideranças. Quanto à segunda proposição - a da escolha de líderes para o processo - é importante deixar claro que se para a pasta da Administração Interna regressarem antigos responsáveis da PSP - certamente respeitáveis -, isso correrá o risco de ser interpretado como uma tentativa de hegemonia da PSP em relação à GNR, PJ e SEF; será um mau começo. Por fim - e quanto ao envolvimento das pessoas no processo -, é claro que a posição do PSD diverge da posição do CDS-PP; na visão programática do PSD existem mudanças de fundo a operar, como sejam a da criação da Polícia Nacional e a da passagem da tutela dos bombeiros e das forças da protecção civil para um Ministério da Defesa. Por seu turno, o CDS-PP prefere um reforço das medidas de policiamento de proximidade e não parece disponível para alterações de fundo nas orgânicas. Como encontrar aqui um equilíbrio vai ser algo a que estaremos todos atentos no futuro.

Por último, uma palavra para os esquecidos desta reforma: serviços de informações, que deverão ser - espera-se - objecto de um debate por pessoas inteligentes, e guardas prisionais e seguranças privadas, dois grupos fragilizados e a precisar de uma orientação mais clara.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Será o novo Director Nacional um Governador Civil?

Presidente da ASFIC. “Não aceitamos a extinção da PJ”

por Adriana Vale, Publicado em 10 de Junho de 2011 | Actualizado há 4 horas
Carlos Garcia, presidente da associação sindical dos funcionários de investigação criminal, diz que está em marcha um projecto secreto de extinção da PJ
Carlos Garcia diz que há mais mulheres que homens na Polícia Judiciária e que se devia fazer tes
tes...
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Carlos Garcia diz que há mais mulheres que homens na Polícia Judiciária e que se devia fazer testes físicos iguais para todos, para equilibrar os números
















Ainda antes do fim da campanha eleitora, no dia 29 de Maio, a direcção da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal teve uma reunião na
sede do PSD onde lhes foi apresentado um documento com o novo projecto para a Polícia Judiciária. Indignada, a associação reagiu, em comunicado, contra o secretário-geral do PSD. A ASFIC alertou para a "deprimente falta de cultura jurídica" que revela o programa e contra a possível fusão com a PSP. Entrevistámos Carlos Garcia, presidente da associação, para saber o que quer e o que teme no futuro da Judiciária.

O que pensa da prevista e anunciada unificação das polícias?

Não tenho a certeza de que isto vá acontecer, porque, depois de termos recebido aquele projecto do PSD e termos feito um comunicado em que denunciávamos a existência desse mesmo projecto, recebi variadíssimos telefonemas de destacados militantes e dirigentes do PSD a dizer que este projecto não tinha sido sancionado pelos órgãos do partido, que eram completamente contra isto. Ou seja, mesmo dentro do PSD esta questão não é pacífica, tal como a questão da junção dos ministérios. Não dou por adquirido que isto não seja apenas a tradução da vontade de alguém. O projecto, tal como nos foi apresentado, parece-nos muito difícil de implementar. Toda a PJ vai barricar-se contra este projecto retrógrado e nefasto para a sociedade. Na PJ não somos suicidas, não aceitamos placidamente a extinção.

Que vontade pode ser essa ?

Antes de mais, passa por alguma ideia securitária - uma confusão de conceitos -, confunde-se investigação criminal com segurança pública. A investigação criminal é uma actividade parajudicial, é a realização e promoção de Justiça. Recolha da prova de um crime para levar à detenção do autor desse crime e apresentá-lo à Justiça. Segurança pública é outra coisa.

Voltando à unificação...

O grande risco é permitir a politização e governamentalização das polícias. Há duas semanas tivemos cá colegas espanhóis, eles são agora do corpo nacional de Polícia, mas faziam parte do antigo corpo superior de polícia, (a antiga Polícia Judiciária espanhola). Dizem que o actual corpo de polícia tem muito menos prestígio que o anterior. A qualidade da investigação criminal decaiu e existe, de facto, a politização e governamentalização da polícia. Em Espanha, seria muito difícil, com o modelo de polícia que existe, investigar o primeiro-ministro, como nós aqui com o Freeport.

Isso só por haver uma unificação?

Porque a unificação pressupõe o maior controlo da Polícia por parte do poder executivo, não há separação de poderes. Se tenho a polícia toda controlada, nomeio um director da polícia, que é um político, que controla toda a informação, só há a investigação que eu quiser. Quanto ao modelo francês, apregoado no projecto, a própria polícia francesa desejava ter o nosso modelo de polícia. O MP sai enfraquecido da unificação. Isto pode caminhar para o modelo francês, que se traduz na Polícia Judiciária a investigar autonomamente e depois entregar tudo feito ao Ministério Público. Só chega ao Ministério Público para acusar e só se investiga aquilo que a Polícia quiser, só recebe aquilo que a polícia lhe mandar. Polícia esta que é controlada pelo governo através do director nacional. É um risco.

A tendência é para fazer o inverso?

É. O Conselho da Europa tem dado determinações, nomeadamente a alguns países de Leste, para autonomizar a polícia de investigação criminal. Eles em vez de lhes chamarem polícia chama-lhes agência. Na Eslovénia já aconteceu, na Roménia estão a tentar fazê-lo. É bom lembrar que todas as ditaduras da América do Sul e de Leste tinham uma "polícia nacional". E todas as ditaduras no Mundo, porque há a domesticação das polícias. E o que aqui interessa é a da polícia e da actividade da investigação criminal. Numa polícia única era difícil investigar os faces ocultas, os freeports, os portucales....

Mas o director nacional já é nomeado pelo Ministro da Justiça

Nós sugerimos que o nome deveria ser indicado pelo parlamento e nomeado pelo Presidente da República. O PS contestou logo. Mas este debate tem que ser feito, para que haja uma ainda maior autonomia e independência da Polícia Judiciária. O director da PJ não deve ser nomeado pelo ministro nem deve responder directamente ao ministro. No caso vertente, o director quando sair vai voltar a ser coordenador. Então ele quer voltar a ser mandado por alguns daqueles a quem ele, enquanto director, até possa ter feito mal? Vai sempre fazer alguma subserviência àquele que o nomeou.

Os anteriores eram juízes e procuradores...

Se for nomeado por juízes dá-lhe muito mais independência. Ou seja, aquele que mandou não volta a ser mandado.

O actual director, Almeida Rodrigues, está então numa posição complicada, se o novo governo não o reconduzir?

Esperemos que não o reconduza. Por isso é que pedimos a demissão dele. Porque está a servir mais os interesses da sua carreira que da instituição. Mas é bom que se perceba que nós não somos contra a mudança. Isto não é uma questão corporativa. Isto é uma questão de defesa dos interesses do Estado de direito democrático e o interesse dos cidadãos.

E o projecto agora é...

O projecto da extinção da PJ. Criar uma polícia nacional, com uma estrutura em tudo idêntica à da actual PSP, incorporando ali dois quistos: a PJ e o SEF. Isto assenta na questão económica da racionalização. Mas é tudo falso, porque mantemos a GNR com a actual estrutura, com as actuais competências, e continua a haver sobreposição de funções. Eles continuam a fazer investigação criminal. Todos sabemos que a estrutura da GNR é pesada, militarizada, cara. A Polícia Judiciária é a que menos dinheiro gasta.

Mas isso fazia parte dos plano do PSD.

A legitimidade democrática ganha-se com transparência e não com subterfúgios, escondendo os seus propósitos dos seus eleitores e dos próprios dirigentes do partido. Quando se esconde opções políticas relevantes atrás de formulações ambíguas, passíveis de várias e distintas leituras, a legitimidade democrática fica ferida de morte. Nesta matéria o PSD começou mal, reproduzindo comportamentos bastante criticados ao PS.

Isso é directamente dirigido ao novo primeiro-ministro?

Não. Recorda-se do que foi apresentado à sociedade? Avançar com um modelo dual com duas vertentes. A militar, com a actual GNR, e a civil, com três áreas. Mas uma vertente civil podia ser uma que tivesse a PSP, a PJ e o SEF, completamente autónomos, como podia ser uma "polícia nacional", e foi isso que eu li ali. Houve colegas que me disseram que não, que não era isso. Era completamente ambíguo, dava para tudo e mais alguma coisa. E até nos entregarem o projecto, na segunda-feira antes das eleições, isto esteve escondido.

São perto de dois mil?

Somos 1271 investigadores. E mantemos a estrutura, e onde agora há de facto duplicação é entre a PSP e a GNR. Isso mantém-se. Tirando um caso pontual onde eles previam que o GOE saísse da PSP para a GNR, a maioria da duplicação mantinha-se. Na Bélgica o discurso é que a polícia ia ter mais poder e mais meios, a polícia judiciária belga foi extinta, a gendarmerie tomou conta de tudo. Em Espanha é o mesmo: a Guardia Civil que é quem tem mais peso e poder.

Tem medo então que a Polícia Judiciária seja engolida pela PSP?

Extinta. Toda a cultura organizativa vai desaparecer.

E não se poupa dinheiro em juntar ministérios?

Não. Será que é um ministro e dois ou três secretários de Estado que vão fazer diferença? O ministério da Justiça/Administração Interna será pesadíssimo.

As competências específicas de cada um dos órgãos de polícia criminal estão a ser cumpridas?

A última LOIC, a legislação da investigação criminal, não prevê sansões para quem não cumpre as competências específicas das polícias. Estas sanções poderiam, por exemplo, resultar na nulidade das investigações que fossem feitas sem cumprir as competências específicas de cada uma das polícias. Mas não há sanções. Não acontece nada. Alguns procuradores, e procuradoras, entendem que, como são titulares da acção penal, dão a investigação a quem quiserem. Geralmente é à PSP ou à GNR que dão investigações que são da nossa competência. E dizem, assumem, que não têm que cumprir a lei. Caso se cumprisse a lei, isto funcionava. Se continuarem a não cumprir a Lei, se calhar temos que voltar à polícia única de investigação criminal para resolver de vez o problema e acabar com os conflitos.

Retirar a investigação criminal à GNR e PSP?

Com a possível integração dessas pessoas na polícia judiciária.

A polícia nacional na PJ?

Não, eles mantinham-se, mas toda a investigação criminal ficava com a PJ. Nos da PSP e GNR haveria a perspectiva de entrarem por baixo e fazerem o acesso à carreira de inspector. Os outros desenvolveriam a vertente de segurança nacional e de policiamento de proximidade. Já não se vê polícias na rua, ninguém faz patrulha. Está tudo a fazer investigação criminal. É o que toda a gente quer.

Tem entrado gente para a PJ a ritmo suficiente?

Não, os últimos que entraram foram 142, várias vezes anunciados pelo ministro Alberto Costa em 2005,2006 e entraram em 2009/2010. Neste momento está a correr um curso para 100 novos inspectores.

Os que saem não estão a ser substituídos?

No ano passado eram 1400 investigadores. Neste momento somos 1271. Ou seja, estes 100 vão fazer 1300, com os que vão sair ainda. O que não vai colmatar as faltas num quadro altamente deficitário.

Até porque com a crise vai haver mais criminalidade?

Espera-se que, com esta crise, aquela criminalidade para levar 200 ou 300 euros, para comer, para levar dinheiro para alimentar os filhos sem arriscar muito, tende a aumentar. E também a criminalidade organizada.

Há mais mulheres que homens da Polícia Judiciária. Isso é bom ou mau?

A questão não é essa. Há áreas mais complicadas, nos bairros difíceis. Há muitas mulheres com quem eu saía para a rua na maior das tranquilidades. Mas por alguma razão os testes físicos são diferentes e menos exigentes. Em Espanha a forma de resolver esse problema foi fazer testes físicos iguais para todos. E o número de mulheres e homens ficou mais aproximado. As mulheres também têm o problema da maternidade, é incompatível para fazer buscas com violência. Aos 40, 45 anos preferem não ter lugares tão operacionais, mais de secretária.

E investigadores de crime informático são a menos?

Isso é uma falsa questão, porque não podemos abrir vagas e colocá-los a todos no crime informático. Mas quem tem essas licenciaturas e é seleccionado, se calhar prefere ir para outras áreas de investigação.

terça-feira, 7 de junho de 2011

A vaquinha sagrada

GNR perdeu 1500 militares em 2010 e abriu 805 processos disciplinares

por Rosa Ramos, Publicado em 07 de Junho de 2011 | Actualizado há 7 horas
Balanço social de 2010, a que o i teve acesso, mostra que foram abertos 805 processos disciplinares a militares


Em 2010 a GNR contava com 729 oficiais, enquanto que no ano anterior eram 757
A Guarda Nacional Republicana (GNR) perdeu mais de 1500 militares só no ano passado. Em Dezembro de 2010, a Guarda tinha 24108 efectivos, entre militares e civis, segundo o balanço social daquela força de segurança, a que o i teve acesso.

Entre 2009 e 2010, a GNR perdeu 1425 guardas. No ano passado eram 19930, enquanto que no ano anterior existiam 21355. O número de sargentos também diminuiu, de 2650 para 2550. Já os oficiais também sofreram um decréscimo, passando de 757 em 2009 para 729 em 2010. No total, a GNR perdeu 1553 militares no espaço de apenas um ano. "Estas perdas têm ênfase no número de efectivos que passaram à reserva e no facto de não ter sido atenuado por novas entradas, dado que não foi autorizado o concurso em 2009 para o curso de formação de guardas, cujas admissões ao quadro teriam lugar em 2010", explica o balanço social da GNR. No entanto, o número de civis ao serviço da Guarda aumentou de 591 funcionários para 899 em 2010.

Mil com quarta classe Segundo o balanço social, de entre os 23209 militares que a GNR tinha no fim de Dezembro de 2010, 1005 são mulheres - que correspondem, assim, a 6,24% do total de efectivos. A maioria dos GNR tem entre os 30 e os 34 anos (existem 4834 homens nesta faixa etária). Quanto à antiguidade, não existem mulheres, na GNR, com mais de 45 anos, mas há seis que têm entre os 40 e os 44 anos.

No que toca às habilitações literárias, mais de mil militares só tem a quarta classe (1028, dos quais 240 são mulheres) e mais de 8500 efectivos têm apenas o nono ano de escolaridade.

Os salários O maior vencimento na GNR ascende aos 6879 euros. O fosso salarial dentro daquela força de segurança é grande, já que o segundo maior vencimento situa-se entre os 4751 e os 5 mil euros.

A maioria dos militares masculinos ganha entre 1251 e 1500 euros, enquanto que as mulheres auferem bastante menos: a maior parte recebe entre os 501 e os mil euros. No que toca aos vencimentos mais baixos, há 40 homens e 385 mulheres a receber menos de 500 euros por mês.

No total, em 2010, segundo o balanço social, a GNR gastou, em encargos com pessoal, mais de 790,6 milhões de euros. Só no pagamento de suplementos para reuniões de trabalho, a Guarda desembolsou mais de 6,5 milhões de euros.

Também em 2010, registaram-se 627 acidentes de trabalho, de que resultaram quatro mortes e foram instaurados 805 novos processos disciplinares a militares, que se vieram juntar aos 933 que transitaram de 2009. No ano passado foram resolvidos 701 - que originaram 79 repreensões escritas, 155 suspensões e 13 demissões. Mais de 450 foram arquivados.

Saídas No ano passado, morreram 24 militares da Guarda - quatro deles por causa de acidentes ocorridos no local de trabalho - e reformaram-se 31, tendo passado à reserva 1264, refere o balanço social.

Ainda segundo documento, só no espaço de um ano perderam-se 143783 dias de trabalho na GNR por motivo de doença. Isto só no que se refere aos homens: já as mulheres faltaram 8614 dias alegando motivos de saúde.

Devido às licenças de casamento, perderam-se quase 4900 dias de trabalho na GNR.



Nota da blogger: nada me move contra a Instituição GNR , na qual existem excelentes profissionais, o que não compreendo é, num país pequeno integrado na União Europeu, se aposte numa força policial militarizada que apenas significa o duplicar de funções com a PSP.

sábado, 4 de junho de 2011

Direita...volver ou votar?

Polícia Judiciária (Arquivo)

PSD acusado de querer acabar com a PJ

Integração da PJ na PSP e a criação de uma Polícia Nacional está a indignar investigadores

A Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal da Polícia Judiciária (ASFIC/PJ) acusou hoje o PSD de pretender extinguir a PJ, através da criação de uma Polícia Nacional (PN) que englobaria segurança pública, investigação criminal e imigração/fronteiras.

Segundo um comunicado da ASFIC, esta intenção está expressa num documento que o PSD entregou recentemente à associação através do seu secretário-geral, Miguel Relvas, e do major-general Carlos Chaves, em que está prevista esta medida que cria a Polícia Nacional (PN), extinguindo a PJ.

Para os funcionários de investigação criminal, o programa do PSD para a Segurança Interna e para a Justiça «reorganiza e transfigura por completo a investigação criminal», sendo «demasiado mau e perverso para poder ser verdadeiro».

«Percebe-se bem agora porque o PSD não o divulga antes das eleições», diz a ASFIC, que manifesta também «o mais vivo repúdio dos investigadores criminais» por tal medida significar um «brutal desprezo por uma instituição policial com 66 anos de história».

Para a associação sindical, «integrar a PJ num superministério, incorporá-la numa força de segurança tipo PSP é concentrar competências excessivas e por vezes conflituantes no mesmo ministério e na mesma polícia, ferindo de morte o princípio da separação e interdependência dos poderes do Estado».

Segundo excertos do «estudo preliminar para a implementação do novo modelo policial português» entregue pelo PSD à ASFIC, que esta estrutura divulgou, «a Polícia Nacional (PN) será idêntica à PSP, mas incorporando a PJ e os Serviços de Estrangeiros e Fronteiras».

Quanto às competências da anunciada Polícia Nacional, o documento do PSD indica que «o actual pessoal de investigação da PJ na nova PN ficará adstrito apenas até ao escalão de directoria regional, cabendo-lhe a investigação criminal dos crimes, hoje da competência reservada da PJ, deixando a investigação criminal de proximidade dos crimes da competência não reservada da PJ aos atuais agentes da PSP».

A ASFIC alerta que, caso este modelo seja aplicado, haverá uma apropriação da PJ pela PSP, a investigação criminal vai ter de aprender o «direito a volver» e a autonomia da magistratura do Ministério Público vai ficar «gravemente ferida de morte».

Em resultado disto, a associação considera que haverá «uma politização da investigação criminal» e que os seu princípios básicos poderão ser «completamente ignorados».

Depois de ter analisado o programa e em resposta a Miguel Relvas, a ASFIC recusou-se a dar o seu contributo, «solicitado» pelo PSD, para um projecto que «pretende a extinção da PJ», lembrando ser uma polícia «imprescindível na luta contra a criminalidade mais grave e organizada».

A este propósito, a agência Lusa contactou o secretário-geral do PSD, Miguel Relvas, que confirmou ter tido «uma reunião de trabalho» com a ASFIC, mas negou que o seu partido queira extinguir a PJ, sem querer prestar mais declarações sobre este assunto.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Justiça de caserna

MAI pune oficial que denunciou corrupção

Hoje

MAI pune oficial que denunciou corrupção

Apesar de "provas fundamentadas", a investigação dos dois oficiais da GNR suspeitos de corrupção não está concluída.

O ministro da Administração Interna, Rui Pereira, decidiu castigar um oficial da GNR que, há cinco anos, denunciou situações de corrupção na Escola Prática da Guarda, em Queluz, que envolviam dois coronéis desta força de segurança. O tenente foi condenado a 60 dias de suspensão de serviço.

A decisão do ministro, fundamentada num despacho do passado dia 23 de Maio, baseia-se nas conclusões de um inquérito da Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI), segundo as quais este militar, um tenente, foi o autor da "fuga de informação" que levou o assunto aos jornais.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Securitário? Diga lá outra vez Mma Justiça

quarta-feira, 1 de junho de 2011

A PUUUUUNNNNNNN ( Policia única nacional)

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Lisboa, Portugal
Investigador Criminal