Debate de temas sobre a Policia Judiciária, investigação criminal, prática judiciária e temas de direito. Se quiser enviar artigos: invescriminal@gmail.com

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Os Zés da medalhas ou como acabar com os louvores na PJ

GNR gasta milhares para comprar medalhas

30 de Setembro, 2013por Sónia Graça
Guarda lançou concurso público no valor de 215 mil euros para comprar quase 9 mil condecorações
A GNR prepara-se para gastar cerca de 200 mil euros em condecorações – o suficiente para comprar pelo menos sete carros patrulha.Na semana passada, o comando-geral lançou um concurso público no valor de 215.625 euros, para adquirir 8.755 medalhas, que serão atribuídas em 2014. Em causa estão seis lotes de diferentes tipos, iguais às que se atribuem nas Forças Armadas e nas forças de segurança, como a PSP: medalhas de comportamento exemplar e de serviços distintos de segurança, medalhas de mérito, comissões e serviços especiais, havendo também 15 medalhas da Ordem Militar de Avis e 80 medalhas D. Nuno Álvares Pereira – além de três mil fivelas e passadeiras para as ajustar.
À excepção de 2.500 (de cobre), todas serão confeccionadas em prata. Segundo o caderno de encargos, a empresa que as fornecer terá ainda de garantir um certificado emitido pela Imprensa Nacional Casa da Moeda.
‘Forma de motivação’
Recorde-se que já este ano a GNR comprou 5.905 medalhas, pelas quais pagou 112 mil euros (tendo estipulado 126 mil euros como valor base do concurso, ou seja, o máximo que se dispunha a pagar). A fasquia para o próximo ano subiu para mais de 200 mil euros.
Por metade deste valor, a GNR remodelou, em Novembro do ano passado, um edifício da Escola Prática, em Queluz.
Questionada pelo SOL, fonte oficial da instituição explica que a atribuição de condecorações é “uma das poucas formas de recompensa e de motivação que a instituição tem para com os seus militares que, de forma abnegada, servem a causa pública” – referindo-se ao “salvamento de pessoas”, ao “tempo extraordinário que dedicam ao serviço, muitas vezes com o sacrifício da sua vida pessoal” e à “forma dedicada, disciplinada e extremamente competente como executam o seu serviço”. A mesma fonte diz ainda ser “expectável” que, tal como em anos anteriores, o montante final da adjudicação venha a ser inferior ao valor base do concurso.
Mas para César Nogueira, presidente da Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR), esta é “uma despesa supérflua, sobretudo tendo em conta o contexto actual”: “Não achamos correcto que se gastem milhares de euros em medalhas quando há militares com milhares de retroactivos por receber” (por conta da nova tabela remuneratória).
“Com esta verba, a GNR podia comprar seis ou sete carros, que equipavam três ou quatro postos com maior carência em termos de frota automóvel. Há postos que não têm uma viatura a funcionar em condições”, lembra o dirigente.



http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=86798&fb_action_ids=235526106605040%2C235466326611018%2C234966493327668&fb_action_types=og.likes&fb_ref=.UkvZHVVU6VQ.like&fb_source=other_multiline&action_object_map=%7B%22235526106605040%22%3A491446740952390%2C%22235466326611018%22%3A224730184357063%2C%22234966493327668%22%3A709687712392549%7D&action_type_map=%7B%22235526106605040%22%3A%22og.likes%22%2C%22235466326611018%22%3A%22og.likes%22%2C%22234966493327668%22%3A%22og.likes%22%7D&action_ref_map=%7B%22235466326611018%22%3A%22.UkvZHVVU6VQ.like%22%7D

1 comentário:

odin disse...

As questões de natureza economocista sempre me trouxeram alguma dificuldade de compreensão, especialmente quando se articulam com o merito das pessoas. As medalhas são uma referencia histórica que cada vez mais se encontra banalizada e nalguns casos proscrita por razões de natureza economicista, assim como os ditos louvores por actos em serviço cuja distinção merecem o reconhecimento publico, pelo preço cada vez mais caro do papel. Umas e outras quando não configuram ou são actos de subserviencia e de bajulice devem ser vistos como exemplos a seguir, foi com este modelo que ao longo de trinta anos de serviço publico tenho vivido e que gostaria que perdurassem em respeito do exemplo. Não sei o que o futuro nos trará, e que exemplo se espera alcançar, embora reconheça que algumas das citadas homenagens mais não configurem situações proprias de um acto normalissimo de desempenho funcional, quase sempre elevadas a contornos de excelência por conveniencia das partes. A memória de uma instituição faz-se com os feitos dos homens que ao longo da sua existência a compõem, e se estes "merecem" reconhecimento, ele deve ser tido em oposição ao cinzento dos comuns actos.

Arquivo do blogue

Acerca de mim

Lisboa, Portugal
Investigador Criminal