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sexta-feira, 14 de junho de 2013

PSP, GNR e Polícia Municipal - onde pára a polícia?
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A história das polícias é a história da necessidade de assegurar o império da lei. Se não está onde faz falta, só há um caminho: arranjar outras polícias!
Sábado, 25-05-2013, ca. 18h00 horas - na via rápida da Caparica, dois veículos envolvem-se num sinistro. Havendo um ferido, é alertado o 112, solicitando-se a presença do INEM e da Brigada de Trânsito. De imediato mais três carros chocam entre si. Nem 10 minutos haviam passado do alerta e os bombeiros locais apareceram para auxiliar as vítimas, prestar os primeiros socorros e desimpedir a via. O trânsito acumulou-se. E a fila, que era grande antes do sinistro, aumentou. Passaram-se 20, 30, 40 minutos. Da BT nem sinal! Os acidentados foram à sua vida e os bombeiros também, sem que a GNR se dignasse aparecer. Afinal era um soalheiro sábado à tarde, pelo que a zona balnear da Caparica e as respectivas vias de acesso não eram por certo merecedoras de policiamento. Ter sido expressamente chamada a BT terá também sido irrelevante.
Domingo, 9-06-2013, ca. 22h00 horas - na R. Garrett, coração do Chiado, um meliante tenta furtar produtos da Amorino. As pobres raparigas do estabelecimento abordam o criminoso à frente de uma casa cheia de clientes. Tentam proceder à detenção. Os clientes, quase todos estrangeiros, mantêm-se hirtos. Dois clientes portugueses vão à rua à procura de um agente da PSP... nem um em toda a rua. Nem no Largo do Chiado. Nem na Ivens ou na Anchieta. Nem sinal. As raparigas da geladaria ainda telefonam para a PSP... mas entretanto o meliante escapara-se a correr pela rua, ainda com parte do produto do furto na mochila. Polícias, nem vê-los! Afinal era uma noite primaveril no Chiado, coração da cidade turística e zona histórica, pelo que não é seguramente uma zona merecedora de policiamento.
Sextas e sábados a partir de Abril de 2013 - na R. da Misericórdia, ao Camões, até há bem pouco tempo, encontrava--se numa de duas esquinas, sempre nesses dias, um "grupo" de 8 ou 10 agentes da Polícia Municipal: ali preparavam as acções de fiscalização e vigilância a levar a cabo nessas noites. A partir de Abril, porém, essas mesmas duas esquinas passaram a ser controladas por um tipo muito especial de "comerciantes", vindos de ruas cimeiras do Bairro. Remédio santo. Nunca mais se viu Polícia Municipal por ali. Está bem pensado: longe da vista, longe do coração! Assim, em vez de ser a ordem a expulsar o ilícito, é este a expulsar a polícia... que timidamente recua de costas voltadas para o problema. Não fosse alguém exigir-lhe que actuasse! Estranhamente, a PSP também não gosta daquele quarteirão.
Estes episódios, vividos na primeira pessoa, permitem temer que as forças de segurança tenham entrado numa greve não anunciada: em vez de estarem onde devem estar, ou onde são chamadas, não estão, ou fazem ouvidos de mercador.
Se assim for, e não apenas uma curiosa coincidência de omissões policiais, é grave. Grave porque a história das polícias é a história da civilidade, da consciência social da necessidade de braços que assegurem o império da lei e da ordem. Se não está onde faz falta nem aparece quando é chamada, só há um caminho: arranjar outras polícias!
Advogado, escreve à sexta-feira

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Lisboa, Portugal
Investigador Criminal