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sexta-feira, 9 de março de 2012

Nos Açores não havia ninguém disponível

PJ do Porto ajuda Scotland Yard a investigar caso Maddie
Caso está a ser reanalisado, quatro anos depois do arquivamento e cinco anos depois do desaparecimento da menina inglesa


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A Polícia Judiciária (PJ) do Porto está a ajudar a Scotland Yard a reanalisar o caso do desaparecimento de Maddie McCann. O caso foi arquivado pelo Ministério Público, em 2007, 14 meses depois do desaparecimento da menina.

De acordo com o «Jornal de Notícias» (JN), que avança a notícia, a polícia inglesa não regateia meios na investigação. Uma equipa de 37 pessoas está a rever o caso e, só em 2011, terão sido gastos 2,2 milhões de euros.

Depois de concluírem que a articulação com as autoridades portuguesas era imprescindível, a Scotland Yard contactou a PJ e estabeleceu uma parceria. A PJ optou por nomear uma equipa que nada teve a ver com a primeira investigação ao caso, para haver um olhar fresco sobre a matéria. A escolha, conta o JN, recaiu sobre a Secção Regional de Investigação e Prevenção Criminal da PJ do Porto, uma brigada com experiência em casos de desaparecimento.

As autoridades inglesas têm-se deslocado a Portugal e, recentemente, os investigadores do Porto também estiveram em Portimão. Em aberto, está a hipótese de uma reconstituição da noite em que Maddie desapareceu. Esta diligência nunca chegou a ser concretizada porque o casal McCann e seis dos amigos que os acompanhavam recusaram participar.

5 comentários:

Anónimo disse...

Dividir para reinar*, n'est-ce pas?





* Desmantelar, descredibilizar,extirpar...

Anónimo disse...

A notícia publicada no JN acerca da nomeação de uma equipa da D. Norte da PJ, para investigar o desaparecimento da pequena Maddie, trouxe a público mais um acto de inqualificável falta de sentido do que é a Polícia Judiciária e a sua cultura, o serviço público, a investigação criminal e a gestão de uma instituição séria e que se quer apolítica.
Questiono-me como é possível que se teime na nomeação de equipas de um departamento distinto daquele que investigou anteriormente, passando-se assim um atestado de incompetência a todos os profissionais que ali trabalham, como se os casos anteriores não servissem de lição e jamais se devessem repetir. As situações que envolveram processos iniciados no Norte e mais tarde “roubados”, partilhados ou fiscalizados por investigadores do Sul e as consequências que daí resultaram, deveriam constituir uma lição a não repetir.
Com efeito, trata-se de dividir para reinar.

Alguém se questiona porque razão, só agora, o Director Nacional Adjunto torna tudo isto público? Será desespero de alguém que vê o tacho a fugir-lhe e pretende a todo o custo mostrar trabalho, ou está a preparar a sua saída para um qualquer organismo?
Como é possível que passe à comunicação social e ao público informações erradas acerca de uma equipa especializada e com larga experiência, que na verdade não existe?
E porque razão não se criam em todos os departamentos equipas para procurar crianças portuguesas desaparecidas? Porquê este especial tratamento com a Maddie?
Já toda a gente percebeu que o Governo Inglês está muito empenhado em encontrar a criança, não demonstrando o mesmo relativamente a tantas outras, mas qual é a especial preocupação do Governo Português? Responderia um conhecido humorista: É política!

Vi a Direcção da PJ deixar crucificar os investigadores desta casa, que investigaram o processo do pequeno Rui Pedro, por um crime que provavelmente nunca existiu, o que se traduz num sucesso da investigação por ter cumprido uma das suas finalidades, e não no contrário.
Vi que, qual Pôncio Pilatos, lavaram as mãos e até abriram um processo disciplinar contra um dos inspectores.
Não vi ninguém pedir explicações à chefia operacional, à chefia estratégica e à direcção que constituíam a hierarquia desses Inspectores, como se a estrutura da PJ, para os maus momentos, funcione apenas com as bases. E já agora, onde esteve o MP, o titular do inquérito, todo o tempo?

É momento de pedir explicações aos Srs. DN e DNA, porque nunca disseram aos pais do Rui Pedro, do Rui Pereira, da Sara Santos, da Sofia Oliveira, do Pedro Encarnação, da Cláudia Sousa, da Andreia Miranda e de tantas outras crianças cujas fotografias constam da Lista de Pessoas Desaparecidas do site oficial da PJ, porque razão nunca criaram estruturas para os procurar, mas tal foi feito com a Maddie.
Porque nunca explicaram publicamente que desaparecimento não é crime e que como tal nunca prescreve e que hoje, mesmo que passados muitos anos sobre o desaparecimento dos seus filhos, com este precedente, podem exigir a formação de uma estrutura para as procurar.
Que a procura de desaparecidos não é da exclusiva competência da PJ, salvo se se inventarem suspeitas de rapto ou sequestro, e que portanto há um vazio enorme, sendo que as várias polícias não investem meios em algo que não produz estatística.

Anónimo disse...

Depois do que foi o processo insano de Amaral, tudo é possível

Anónimo disse...

Quanto ao comentário do anónimo das 13:38, apenas digo:
"Como é possível que passe à comunicação social e ao público informações erradas acerca de uma equipa especializada e com larga experiência, que na verdade não existe"
- Subscrevo na integra.

"Não vi ninguém pedir explicações à chefia operacional, à chefia estratégica e à direcção que constituíam a hierarquia desses Inspectores, como se a estrutura da PJ, para os maus momentos, funcione apenas com as bases"
- Subscrevo na íntegra. Aliás tal é mais um dos muitos exemplos daquilo que muitos comentadores, já aqui chamados de radicais, denunciaram anteriormente - e que é: a completa inutilidade das chefias intermédias e superiores da PJ. É urgente esses funcionários serem mobilizados para os quadros de excedentes da Função Pública. Não acrescentam valor à PJ, apenas aumentam os custos de funcionamento da mesma com os seus volumosos e imerecidos vencimentos e as suas utilizações de viaturas e telefones de serviço.
Todos, mas mesmo todos, sabem que a estratégia, a táctica operacional, o sentido da investigação e o trabalho está todo, mas mesmo todo a cargo das bases, entenda-se Inspectores. Basta consultar os milhões de processos que, no decurso dos úlimos 20 anos já tramitaram ou ainda tramitam entre a PJ e os Tribunais.
E como todos os que estão acima das bases sabem isso, há que, de vez em quando, lançar mais novelas para os jornais com umas quantas mentiras, show-off e retratos de "grandes" responsáveis por investigações que, muitas vezes, nem sequer as leram, quanto mais coordenaram ou estratificaram. Vão contando com a ignorância da Opnião Pública e com a ingenuidade dos jornalistas amigos.
Enfim, esta é a PJ que temos. Mas descansem. Estou convicto de que ainda vai piorar mais.
Parabéns ao anónimo das 13:48 pelo seu bem fundamentado cmentário.

Assina um base sem Louvores, portanto, uma verdadeira raridade na PJ.

Anónimo disse...

Concordo completamente com todos os anteriores comentários e também quero partilhar com os colegas a revolta que sinto quando vejo um homem que foi um grande investigador da nossa casa e que toda a gente da Directoria do Porto vê como um exemplo: o nosso colega Rouxinol. Será por ser um colega que continua empenhado na defesa dos nosso direitos profissionais e a ser uma referência da luta pelos nossos direitos que lhe instauraram um processo disciplina? Se a direcção nacional não foi capaz de o defender como devia (pelo contrário)apelo aqui á ASFIC para que o faça. É um acto de justiça para quem é um exemplo seguido por muitos onde também se incluem muitos dos dirigentes da ASFIC.

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Lisboa, Portugal
Investigador Criminal