Debate de temas sobre a Policia Judiciária, investigação criminal, prática judiciária e temas de direito. Se quiser enviar artigos: invescriminal@gmail.com

sábado, 5 de novembro de 2011

Antes que feche.......mais um comentário digno de realçe

Cumprimentos ao Investigador Criminal pelo espaço. Começa a dar nas vistas... esperemos que não o fechem. Queria só dizer que este podia ser aproveitado para discutir a PJ (presente e futuro) e o modelo de investigação criminal. Para quem nunca reparou na página inicial do blog revela-se que "Debate de temas sobre a Policia Judiciária, investigação criminal, prática judiciária e temas de direito", não parece que seja intenção do bloguer discutir matérias do foro sindical, muito menos, esta ou aquela actuação dos "dirigentes" sindicais. Tenho assistido com preocupação a alguns comentários que vão brincando com palavras como Logística e outras referindo-se ao SIIC e outras áreas de menor operacionalidade física. Meus senhores, têm prestado alguma atenção ao que se passa à nossa volta? Já perceberam que mais cedo ou mais tarde, à luz do que já acontece em países europeus desenvolvidos, o combate ao crime será realizado com recurso à intelligence-led policy? Tenhamos muito cuidado pois querer separar da investigação criminal áreas tão sensíveis como a Informação Criminal, a Lofoscopia (e a Identificação) e até o Laboratório, são passos concretos para a EXTINÇÃO da PJ... Correr atrás de bandidos, fazer buscas, chaves e colocar algemas, também a PSP, a GNR, o SEF e a Polícia Marítima sabem fazer, e fazendo isso não significa que estejam a fazer investigação criminal. Do músculo percebem eles. Não queiramos ser apenas mais um músculo, sejamos também o cérebro... Depois disto, podemos perguntar-nos: o que ganhamos tendo como Director Nacional o Dr. Almeida Rodrigues? Bom, em primeiro lugar conseguimos o que sempre almejamos - um Director da Carreira de Investigação Criminal; em segundo lugar um concurso de ingresso de 100 inspectores; em terceiro lugar um edifício novo para Lisboa; e por último uma fornada de 30 inspectores-chefes. Teria tudo isto sido possível com outro? Parece-me que sim. Existem exemplos do passado que o demonstram - o novo edifício do DIC da Guarda, até o edifício do Directoria do Porto, e concursos também foram abertos no passado. Por isso quanto à actuação do Director Nacional Dr. Almeida Rodrigues, tendo a concordar com a ASFIC e até foi muito prática a forma como o Miguel Sousa expõe as actuações ou omissões pois, sou sincero, algumas delas não saltam à vista "desarmada". Dá mesmo que pensar. Realmente não é viável, querendo dar uma resposta efectiva à evolução da complexidade associada às novas formas de criminalidade, ou mesmo transmitir segurança às populações, que a Direcção dessa Polícia não se defina objectivos e estratégias para os alcançar. Naturalmente que os funcionários têm de ser parte e sentirem o compromisso e cumplicidade nessa estratégia mas para isso é preciso que a conheçam. Eu também não a conheço! Diga-se em boa verdade que nunca conheci nenhuma em 28 anos de investigação. Mas a um Director da Carreira de Investigação Criminal era exigível que o tivesse feito. É algo que já se discute há muito tempo. Depois, deixo-vos ainda para pensar, que realmente a PJ está partida em várias Polícias: porque os meios disponíveis são demasiado díspares de departamento para departamento, com a concentração excessiva de meios em Lisboa, e ainda porque os seus dirigentes também não conhecem nenhuma estratégia delineada pela Direcção Nacional e por isso gerem à sua maneira e vontade. Não deixaria de ser interessante se efectivamente se discutissem estes problemas, alguns deles já muito velhinhos... Quanto ao anonimato também me parece de pouca importância. Aproveite-se apenas as boas ideias, venham elas de fora ou de dentro. Muito obrigado pelo espaço e pelo tempo.
Por Anónimo em Opinião assinada às 11:53

3 comentários:

Anónimo disse...

Tenho assistido com preocupação a alguns comentários que vão brincando com palavras como Logística e outras referindo-se ao SIIC e outras áreas de menor operacionalidade física. Meus senhores, têm prestado alguma atenção ao que se passa à nossa volta? Já perceberam que mais cedo ou mais tarde, à luz do que já acontece em países europeus desenvolvidos, o combate ao crime será realizado com recurso à intelligence-led policy? Tenhamos muito cuidado pois querer separar da investigação criminal áreas tão sensíveis como a Informação Criminal, a Lofoscopia (e a Identificação) e até o Laboratório, são passos concretos para a EXTINÇÃO da PJ...

Agora?
Há 30 anos que a maioria dos "operacionais físicos" assobia para o lado.
Há 10 anos que se "espalham" competências com o mesmo "trinado" como música de fundo.
Há 6 anos que se "congelam" as soluções e se "inventam" as alternativas....

Anónimo disse...

De novo a questão: o que temos a ganhar com um DN que seja desembargador? Melhor, o que é que ganhámos com os desembargadores que já foram directores? Quero dizer que, pela minha parte, não tenho nenhuma vergonha de ter como director nacional o Almeida Rodrigues. Antes pelo contrário. Sobre o SIIC, gostava de saber o que é que introduzir informação numa base de dados pode ser considerado investigação criminal. Coisa diferente é o uso que dela se faz. Mas isso já é trabalho para os verdadeiros investigadores.

Anónimo disse...

Confesso que há já algum tempo, porque considero os moldes de funcionamento da PJ errados, pouco eficazes e injustos para a categoria de base da carreira de Investigação Criminal, que apenas me interesso com as investigações que possuo e nada mais. Acreditem que é mais saudável.
Apesar de ser sindicalizado há muitos e muitos anos e de, por principio, estar sempre solidário com as lutas da ASFIC que entendo serem justas, desinteressei-me há muito pelas questões sindicais, não só porque entendo que nos actuais moldes de funcionamento da Investigação Criminal muitos dos interesses dos diferentes Funcionários da Investigação Criminal são oponiveis, limitando assim a intervenção da ASFIC na sugestão de soluções de trabalho mais justas, mas também porque reconheço que há colegas com mais capacidade e aptidão para a querela sindical. Porém não posso concordar com os colegas que nos seus comentários estão a solicitar/exigir a redução das quotizações sindicais. Então onde está a solidariedade e a unidade na acção?
Agora, que vamos precisar dum sindicato forte num momento de luta como o que se advinha, em que nenhum Governante conseguiu ainda e nunca irá convencer um só português de que os cortes na remuneração do trabalho das pessoas é a única solução, vamos imputar parte desses custos à ASFIC? O que são as quotizações sindicais comparadas com os valores dos cortes que estão anunciados? Já viram que os trocos que pretendem poupar por mês com a redução da quotização sindical só vai enfraquecer o Sindicato, pois não vai dar sequer para um jantar ou uma ida ao cinema?
O que a meu ver todos devemos demonstrar é que Economista como os que nos Governam qualquer um pode ser. É fácil. Agora, as famosas gorduras do Estado, que na PJ também as haverá, estão a ser queimadas? Parece-me que não. Os nossos Governantes além de maus economistas, também não dariam bons diestistas, nem preparadores fisicos pois querem emagrecer o Estado e torná-lo mais saudável, porém como o emagrecimento não está a ser feito com a eliminação da massa gorda, mas da massa sem gordura. Advinha-se um Estado anémico e muito doente. É esta Politica que devemos combater e não nos deixar resignar, ajudando a ASFIC, com esta ou com outra direcção qualquer - isso não interessa nada - a mudar este estado de coisas.

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