Uma ou mais polícias?
O sistema de investigação criminal é, seguramente, um dos sistemas mais complexos do Estado português.
1h00Nº de votos (0) Comentários (0)
Por:Rui Pereira, Professor Universitário
Abarca mais de vinte órgãos de polícia criminal – de competência reservada (PJ), genérica (GNR, PSP e PJ) e específica (SEF, ASAE, PJM e DGF, entre outros). Tais órgãos de polícia criminal têm, em vários casos, competências sobrepostas, integram-se em diferentes ministérios e estão sujeitos a uma dupla tutela: subordinam-se funcionalmente a uma autoridade judiciária, que, consoante a fase do processo, pode ser o MP ou o juiz de instrução.
Este estado de coisas resulta de vários factores, endógenos e exógenos. O surgimento da criminalidade de massa contra o património a partir da década de 80 e a sua transformação em criminalidade de massa violenta na transição para o novo século exigem um corpo de investigadores muito mais vasto do que o possuído pelo Portugal rural e fechado de antes do 25 de Abril. Os órgãos de polícia criminal foram, assim, crescendo de forma casuística e, tal como os seres vivos, não estão dispostos a aceitar a extinção, fusão ou perda de competências.
Porém, independentemente das discussões sobre o futuro, há práticas que é necessário observar no dia-a-dia: em primeiro lugar, polícias e magistrados têm de respeitar a lei vigente, mesmo que discordem do regime; em segundo lugar, devem pôr acima de quaisquer interesses particulares o interesse público – que se identifica, aqui, com o êxito da prevenção e da investigação criminal; em terceiro lugar, cabe-lhes criar um clima de cooperação leal, nunca esquecendo que é sempre o crime (e nunca os seus colegas de ofício) que têm a obrigação de combater.
O sistema actual coloca enormes dificuldades, que vão da dispersão da informação à fragmentação de competências num momento em que não está definido o crime que é objecto do processo (início do inquérito). O princípio da legalidade, que manda abrir um processo por cada crime "perseguível" (apesar das inevitáveis "cifras negras"), obriga ao aproveitamento de todos os recursos, seja numa polícia, em várias polícias ou num corpo único de investigadores. Todas as soluções têm vantagens e inconvenientes. A sua discussão exige boa-fé e serenidade.
CorrigirFeedback
Debate de temas sobre a Policia Judiciária, investigação criminal, prática judiciária e temas de direito. Se quiser enviar artigos: invescriminal@gmail.com
quinta-feira, 5 de abril de 2012
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Arquivo do blogue
-
▼
2012
(86)
-
▼
abril
(11)
- Ai dói , dói
- É no que dá.....
- Olha quem fala...e onde pára a ASFIC?
- Receita para parar impunemente um Serviço de Pique...
- (Des)RESPEITO
- OS ABOMINÁVEIS!!(recolham crianças e mulheres!)
- Que bem fala Frei Tomás
- O dedinho na ferida
- Ainda bem que a Ministra é nossa amiga.....
- Mas querem a tutela ou a titela?
- Ecos do congresso
-
▼
abril
(11)
Acerca de mim
- Investigador criminal
- Lisboa, Portugal
- Investigador Criminal
5 comentários:
Pois, Sr. Rui Pereira tem toda a razão no que diz. O problema é que a investigação de qualquer crime sempre foi da competência da PJ as restantes tinham a sua matriz na prevenção e segurança e o que sucede, há alguns anos, é que já não querem saber disso. Onde está o policiamento de próximidade? Não se vê um polícia na rua. É este policiamento de proximidade que vai ajudar a prever o crime. É a prvenção que vai ajudar a diminuir o crime. Mas não, as intenções torpes e pessoalmente interessadas de vaidades pessoais e controle da investigação levaram a que se deixa ocorrer o maior número possíveld e crimes para justificar que só uma polícia não chega ou o número de elementos de investigação da PJ não seja suficiente. Assim, com este pensamento, surge a brilhente ideia de atribiuir competências de investigação às restantes que deixam de fazer segurança pública e/ou prevenção para se dedicarem à investigação na busca insessante de protagonismo. Isto é uma grande palhaça patrocinidade por politicas de treta subjudada ao interssa político e vaidades pessoais. Não é intersse público.
Trata-se este Rui Pereira, do mesmo que esteve à frente do MAI ?
Se sim, é pena que apenas após ter saído daquele local, entenda que as leis são para cumprir, quer concordemos com elas ou não.
Se não, devemos pugnar para que este texto chegue às altas instâncias do MAI e seus discíplos, visando desta forma alertar os seus responsáveis para as alarvidades que os organismos por eles tutelados têm vindo a cometer.
Gosto de ver e ouvir o comportamento destes vassalos defensores do actual feudo. Alguns opinam e mostram a sua raiva em certos ocs, mais parecem uns vendedores da "banha da cobra" para consumo interno. A realidade é porém diferente, gostam de ir "beber informação" às outras fontes, vestem a pele de formandos, utilizam a melhor vestimenta para ficarem na fotografia ao lado de fardados em países vizinhos. Enfim vaidades que lhe foram concedidas por um ministro incompetente, e agora ninguém segura estes vassalos. Mas um dia virá em que o reino, tem o seu o seu fim.
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=549863
Cá também já fazem destes gratificados
Enviar um comentário