PJ acusada de deixar prescrever processos
00h22m
CARLOS VARELA
Oficiais da PSP saíram a terreiro para acusar a PJ de deixar prescrever processos, numa reacção à opinião veiculada publicamente por dois responsáveis da Judiciária, que acusam a GNR e a PSP de se meter nas suas competências.
É a guerra aberta entre as duas forças de segurança e a PJ, depois do documento que terá por detrás os coordenadores superiores Teófilo Santiago e José Brás, o primeiro a chefiar o departamento de Aveiro e o segundo à frente da Unidade Regional de Lisboa, ter sido publicado na edição de ontem do CM. No documento, está escrito que a PSP e a GNR "adoram intrometer-se no trabalho dos outros" - neste caso a PJ - e consideram que aquelas duas forças de segurança não cumprem a missão para a qual estão vocacionadas, o "patrulhamento de proximidade e sistemático", e preferirem o "show off" para ter mais protagonismo.
O JN sabe que o documento caiu muito mal na PSP, que não faz comentários, e na GNR, que adiantou não se rever nas acusações dos dois históricos da PJ. Em contrapartida, os sindicatos saíram de imediato a público, em particular o Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia (SNOP), que representa os futuros directores da PSP e actuais comandantes da quase totalidade das divisões e comandos. O SNOP chama a atenção que a PSP executa as competências que estão previstas por lei e chama a atenção que "recebeu vários milhares de inquéritos da PJ que estavam na iminência de prescrever, num panorama nada abonatório para um órgão 'pseudo-superior'", ressalvando que nunca "veio a público o estado de degradação a que a investigação criminal tinha chegado com a solução de uma polícia de investigação única".
Aliás, esta parece ser a questão essencial que levou à elaboração do documento, numa altura em que o PSD poderá surgir com novas propostas de segurança no programa eleitoral. Com efeito, ainda há três semanas, a líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, e Aguiar Branco, reuniram-se com vários sindicatos de polícia para avaliarem o actual modelo de polícia que vigora no nosso país.
No entanto, segundo fontes da PJ, quem acabará por sair mais fragilizado da polémica será o director da Judiciária, Almeida Rodrigues, uma vez que poderá ter que tomar uma posição de força, para travar o conflito institucional gerado pelos seus dois subordinados. Hoje será publicada a segunda parte do artigo, esperado com muita expectativa.
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