Os funcionários de investigação criminal da PJ vão iniciar, a partir de quarta-feira, uma greve ao trabalho extraordinário. A paralisação, que vai decorrer por tempo indeterminado, poderá gerar atrasos processuais, uma vez que dezenas de investigações serão diariamente interrompidas a partir das 17h30. O pré-aviso de greve foi feito ontem pela Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal (ASFIC), os quais justificam a tomada de posição com o facto de o trabalho extraordinário que têm vindo a realizar não ser pago.
O tempo de paragem dos investigadores criminais é o que vai, durante a semana, do período das 17h30 às 9h e entre as 0h00 e as 24h durante os fins-de-semana e feriados. Só mesmo os inspectores que estejam escalados para serviços de piquete, turnos ou prevenção é que trabalharão nestes períodos. Em comunicado, a direcção da ASFIC acusa o Ministério da Justiça de "apatia" e "inépcia", para além de não ter apresentado propostas capazes de solucionar os problemas que foram remetidos num caderno reivindicativo, em Dezembro de 2009.
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4 comentários:
Mas não faziam já essas paralisações no dia-a-dia?
Já percebi. Agora têm a desculpa da greve...
será que algum inspector adere a essa greve??
Pode parecer difícil para os cidadãos em geral, num clima de crise económica e sacrifício geral, perceber esta opção dos Polícias da Judiciária.
No entanto esta reinvidicação tem muitos anos e a sua satisfação tem sido especialmente protelada pelo Governo do PS, que durante as primeiras eleições prometeu resolver.
Não o fez e nunca o fará, por várias razões que se tornaria complexo e longo explanar.
No entanto, quem está de fora tem de ser informado que para uma parte razoável de inspectores da PJ, o sacrifício pessoal chega a ser violento, com jornadas de trabalho a ultrapassarem as 18 horas consecutivas, com noites perdidas, sem refeições ou refeições rápidas e em risco de vida. Conduzir a cair de sono, passar noites geladas em viaturas de serviço ou estar num veículo à torreira do sol no verão custa. Organizar e trabalhar num processo após o trabalho operacional que durou um dia, durante toda a noite e ainda assim ter de apresentar os detidos no dia seguinte, também custa.
Na PJ não existem turnos para os inspectores.
Este tipo de exigência só existe quase na PJ, e em certos núcleos de investigação criminal da PSP ou GNR.
Além disso existe uma discriminação negativa dentro da própria instituição, com os especialistas superiores tão licenciados como os inspectores, a serem muito melhor remunerados, sem sofrerem as cargas horárias e os riscos dos Polícias.
Por estas razões é natural que a paciência e capacidade de sacrifício chegue ao fim, por muito amor que acha à instuição e por muito respeito que acha para com as vítimas de crimes.
Agradecendo os comentários, deixo algumas notas:
- para o 1º anónimo, amigo, a PJ não é diferente de outras instituição onde também há funcionários há anos - muitos- em greve recebendo o ordenado na íntegra...
-para o 2ºanónimo, olhe que grande partes dos Inspectores VÂO ADERIR À GREVE. Sabe porquê? Porque esta luta mais do que tudo é uma luta pela dignidade de quem trabalha fora de horas, porque ser pago a 2 Euros à hora é brincar com quem trabalha.
- para o 3º anónimo, concorda na íntegra consigo, mas deixe que lhe diga que as jornadas de que fala apenas existem nos sectores operacionais da PJ: droga, roubo, homicidios e banditismo . Há muito Inspector no sector de informação , crime económico e outros que o horário é 9/17H30. Concordo consigo que na GNR e PSP também há colegas tem jornadas de trabalho idênticas, com a vantagem apenas de serem muitos mais. Será que alguém já reparou que GNR e a PSP têm ,alocados á IC mais de quatro vezes o número de funcionários da PJ?
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