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terça-feira, 26 de abril de 2011

E porem os 5000 que estão em Lisboa no terreno?

Operação Páscoa. Mais repressão, menos prevenção

por André Rito, Publicado em 26 de Abril de 2011 | Actualizado há 5 horas
Militares da GNR queixam-se das directivas da operação e da falta de meios


Segundo dados oficiais, a Operação Páscoa 2011 contou com um efectivo de 1750 militares da GNR
Menos efectivos, menos meios, aposta na caça à multa e limites impostos à circulação dos carros-patrulha. Estas são as queixas dos militares responsáveis por patrulhar as principais estradas durante a Operação Páscoa - que até agora apresenta os piores números em termos de sinistralidade dos últimos cinco anos. Um dado que contraria as informações veiculadas sábado pela GNR - que dava conta de um aumento dos meios humanos no último dia das mini-férias da Páscoa.

Segundo o i apurou, só na Unidade Territorial do Porto, onde estavam destacados 65 militares, quatro estão de baixa, 17 encontram-se a gozar férias e cinco estiveram destacados para uma prova de ciclismo realizada ontem. De acordo com uma fonte da GNR que preferiu manter o anonimato, "as informações chegadas [das diferentes unidades territoriais] são de que o policiamento é o normal e que os destacamentos estão a ser feitos como se se tratasse de dias normais".

Recorde-se que, sábado, a GNR comunicou oficialmente o "reforço dos meios humanos e materiais em termos de viaturas para permitir que todos os condutores possam fazer um regresso com segurança às suas casas. Em declarações à TSF, o o tenente-coronel Jorge Guedes adiantou que "cerca de 1750 militares" estariam nas estradas, o que "perfaz um total de 875 patrulhas durante o dia que terão à disposição 41 radares e vídeos" para reforçar a fiscalização na A1 e A2.

Mas, ao que tudo indica, essa não é a realidade constatada pelos militares no terreno. No destacamento de Torres Vedras, por exemplo, do efectivo de 75 militares designado para a Operação Páscoa, metade está em casa, tal como acontece no destacamento do Carregado, onde dos 78 agentes escolhidos para fazer patrulha, 27 encontram--se em casa a gozar férias ou folgas. Acresce que muitos deles estão concentrados em locais estratégicos, com radares, e por isso afastados "das principais vias de tráfego".

"Há uma inversão do modelo operacional. Actualmente aposta-se muito na repressão e menos na prevenção. Há patrulhas chegam a estar seis horas fora dos giros, ou seja, fora das auto-estradas e das estradas principais. Hoje um automobilista pode fazer Lisboa-Porto sem passar por uma patrulha", refere outro militar da GNR. E isso, concluiu, "acaba com o factor dissuasor".

A falta de meios humanos nos períodos mais críticos, que antigamente era compensada com a passagem de alguns elementos administrativos (com formação em trânsito) para as patrulhas, acaba por sobrecarregar parte das equipas destacadas. Algumas chegam mesmo a acumular "três noites de serviço numa semana". "E há destacamentos que têm apenas duas patrulhas disponíveis, uma para a auto-estrada e outra para as nacionais."

Questionado sobre a possibilidade de militares com funções administrativas desempenharem serviços de patrulha, com a devida formação, fonte da GNR esclarece que tal "já não acontece". "Com a tolerância de ponto, estão todos em casa."

Carros parados A crise económica que atravessa Portugal também não tem poupado a GNR. Ao contrário do que acontecia nos tempos da extinta Brigada de Trânsito, os limites impostos à circulação dos carros-patrulha nas estradas são cada vez mais apertados. "Há várias restrições por falta de verbas. Sobretudo no que diz respeito aos carros que patrulham as auto-estradas. Em muitos casos, o limite de circulação é de 100 quilómetros", refere outra fonte da GNR.

A informação é passada aos operacionais de forma oficiosa, não constando nas guias de patrulha. A justificação, acrescenta fonte ao i, é "evitar que o assunto venha a público".

Números disparam De acordo com o último balanço da Operação Páscoa realizado pela GNR, este ano registou-se um aumento para o dobro do número de mortes - de cinco para dez -, e um crescimento de 28 para 33 feridos graves, num total de 747 acidentes. As principais causas dos sinistros foram o consumo excessivo de álcool e excesso de velocidade, embora a chuva também tenha provocado um aumento do número de acidentes.

Contactada pelo i, fonte oficial do Comando-Geral da GNR preferiu não prestar qualquer declaração sobre o assunto.

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