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domingo, 23 de outubro de 2011

Carta ao blogger - mais um via mail

Caro dirigente de segunda linha, coordenador superior, membro da ILGA e blogger: pretendo dirigir-me especialmente a ti, que criaste este espaço democrático de reflexão (e espero não me ter esquecido de nenhum dos epítetos com que foste brindado, todos eles com muita graça).

Constata-se que desde há algum tempo têm-te sido proferidos aparentes ataques, que não são nada mais do que sondagens para determinar a tua categoria profissional e quem tu és. Claro que o prémio pela tua identidade é o fecho deste “site” e fim das críticas que aqui têm sido produzidas.Aviso-te e aviso a quem o quiser fazer que vai ser difícil de o conseguir no cumprimento meticuloso da Lei. Mas também sei que há pessoas e lacaios de pessoas que assumem que tudo é possível, e que até acreditam que o silêncio das vozes contrárias torna a nossa vida cor-de-rosa.Esses ganhavam mais em assumir desde logo que o fecho deste ou de qualquer outro blogue não os vai tornar mais competentes ou mais respeitados. E também deviam aceitar que a sua vida é cinzenta porque lhes falta a paixão de uma missão, conceito estranho a quem nunca a viveu.Caro blogger: repara que há quem, perante um texto que tenha saído bem ou com mais profundidade, acredite que só pode ter sido um CSIC ou director-adjunto o seu redactor, como se um curso, um cargo ou uma nomeação fosse condição necessária para se escrever melhor. Repara também que se movimentam por estas bandas administrativos invejosos, dirigentes com tempo livre e outros funcionários que se fazem de mal informados quanto ao que os investigadores realmente pretendem. Não perceber da dicotomia piquete/prevenção e o absurdo que é o valor pago em ambos os casos não merece comentários. E resumir a reestruturação dos serviços que se pretende ao problema do piquete...para quê perder tempo em responder?Mas a verdade é que tu, blogger, afinaste neste ponto. Talvez possam chamar-te o que quiserem, que até responderás com bonomia, mas não admites que digam que tal como eles, não tens ideias. E também não gostarás que insinuem que não passas de mais um a lançar ataques para se sentar numa das “cadeiras de sonho” que esta instituição ainda se permite ter.Reconheço que a ideia de igualdade é perturbadora. Habituámo-nos a ridicularizar esta gente pelos seus despachos ineptos, pelas mordomias que usufruem sem direito, pela arrogância com que falam dos subordinados e pela pressa com que colhem os louros do mérito alheio. Vermo-nos nesse papel é ofensivo e vexatório.Mas porque sei que não és assim, peço-te que continues a lançar as tuas e as nossas ideias neste espaço e não lhes permitas que se refugiem na ignorância. E se é de ideias que agora se pretende falar (finalmente) diz-lhes que elas não faltam: diz-lhes que o piquete tal como existe é ineficiente e caro nos dias que correm, para mais a nível nacional; que os departamentos espalhados pelo país (e em Lisboa) deviam ser redimensionados ou então extintos; que as competências da P.J. deviam ser assumidas na plenitude ou então abandonadas; que os formalismos dos inquéritos da P.J. deviam seguir um figurino comum a nível nacional; que os próprios actos processuais deveriam ser realizados no melhor interesse do inquérito, e não porque é tradição fazer-se da mesma forma há anos; que o actual quadro de dirigentes devia ser reduzido, visto a maioria deles não ter poder de decisão nem autonomia financeira; que a figura do chefe e do coordenador devia ser repensada, de forma a não termos alguns a dar cotoveladas noutros para reclamar a sua existência; que a P.J. é una e indivisível, e que não devia haver departamentos a sobrepor-se a outros em competências e meios; que os concursos de pessoal deviam estar programados para os anos vindouros, ainda que sujeitos a alteração; que a aquisição de equipamentos, bens e serviços deveria ser transparente, publicitada e decidida após debate interno, de forma a satisfazer unicamente as necessidades da investigação e não as preferências de alguém; que o sistema de classificações deveria permitir efectivamente valorizar os bons funcionários e castigar aqueles que se põem de lado até ao dia 21 de cada mês.Caro blogger: certamente não concordarás com todas as ideias expressas e terás ainda muitas mais a anunciar. Espero apenas que tu e os outros investigadores reconheçam que, aparte um ponto ou outro, temos nos nossos desejos para a P.J. mais a unir-nos do que a separar-nos, e que nenhum D.N. vai alterar esse facto, seja ele qual for, e venha ele de onde vier. E que continuaremos a cumprir o nosso dever para com a Justiça e a Pátria, mesmo que contra tudo e contra todos.Não te pedirei para deixares de falar de nomes ou de qualquer coisa que consideres interessante para a nossa vida na instituição. Mas acima de tudo, peço-te que fales de ideias, pois como dizia Vitor Hugo, “estas são mais fortes do que exércitos quando o seu tempo é chegado”.

18 comentários:

Anónimo disse...

Antes de mais quero-me associar às palavras de incentivo enviadas ao colega administrador do blog. Não tenho dúvidas que em outras circunstâncias não teria medo de assumir a sua identidade. Mas acho que faz bem e quero também dizer que mais importante do que saber quem é é o que defende. Também o colega Garcia e os outros colegas da direção da ASFIC merecem ser elogiados pela forma como tem defendido os nossos interesses. Mais uma vez revelaram grande inteligência ao elogiarem a sra. Ministra da Justiça no comunicado. O que acho é que não deviam criticar o Primeiro-Minisrto porque o DN da PJ é nomeado por despacho dele. E também acho que deviam enviar o comunicado para os jornais e para as televisões porque não vi nada nas noticias.

Anónimo disse...

Caro colega das 12 e 38. Será que não percebeu que a Asfic só disse bem da Ministra para ela não nomear o AR? E como é que pretende que eles digam bem do PM se ele nos está a tirar o dinheiro do bolso e a achar, como bem disse, o Carlos Garcia na sua crónica de domingo que nós os funcionários é que somos as gorduras? Isto já não vai lá com falinhas mansas e por isso é que eu gosto desta direcção da Asfic que diz o que tem para dizer e ponto final.

Anónimo disse...

Eu tambem percebo a estratégia da Asfic que me parece acertada.
Mas concordo com o colega das 12:38 que aconselha a não se criticar tanto o PM pois isso até pode causar problemas á Ministra da Justiça. Mas mesmo em relação a ela a Asfic devia ser um pouco mais moderada nos elogios. É que depois do AR ser substituido por um desembargador (como eu também espero) fica com pouca moral para a criticar depois ou ao novo director nacional.

Anónimo disse...

Agora que vamos ter nova direcção na Polícia Judiciária, é importante não deixar esquecer que os inspectores continuam com o mesmo estatuto dos antigos agentes.
Há que mudar o conteúdo funcional das carreiras da PJ acabando com os CIC's ou os CSIC's, um deles está a mais, já para não falar nos assessores.
Espero que a ASFIC não deixe cair esta questão fundamental e estruturante da casa.
Bastam 3 categorias na investigação criminal:
- Inspector
- Inspector Chefe
- Inspector Superior (deveria incluir os CIC, CSIC e Assessores, com diversos níveis para acomodar as actuais diferenças).
Estas 3 categorias são mais do suficientes.
A carreira de investigação deve estruturar-se em torno do Inspector, acrescentando duas designações consoante a ascensão na carreira.

Anónimo disse...

Concordo com o colega das 21 e 26. E eles se quiserem que formem um sindicato de coordenadores...

Anónimo disse...

Até hoje ainda não vi (nos últimos dez anos) qualquer ganho obtido pela ASFIC.

Deixem-se de preocupar com o estatuto e trabalhem.

Falem é na falta de meios e na remuneração para quem trabalha fora de horas.

isso é que é importante.
Obrigada

Anónimo disse...

Caro anónimo das 11:27: a definição do que é o período normal de trabalho (obrigatório) e o que é período extraordinário (voluntário) foi uma das muitas coisas que a ASFIC conseguiu nos últimos 10 anos. O estabelecer de muitos outros conceitos por via judicial também foi conseguido nos últimos 10 anos. E mais vitórias não houve apenas devido à morosidade dos tribunais.

Apesar de parecer pouco, parece-me que em breve essas pequenas vitórias vão-se traduzir num resultado muito positivo em instâncias europeias...

Anónimo disse...

Também me quero associar ao colega das 21 e 26. mas acho que o sindicato até devia ir mais longe e até propor o fim a prazo das categorias de IC e de CIC, passando a chefia a ser dum procurador do MP, que até se podia chamar inspector-procurador. Para além de ser um regresso á estrutura original da PJ era a melhor forma de acabar com a competição entre nós, que só tem beneficiado os CICs, CSICs e os assessores que se aproveitam das nossas divisões. Passariamos a ser todos iguais e podiamos estar mais concentrados no trabalho em vez de estar preocupados em subir na carreira à custa dos colegas. Quero também dar o meu apoio ao colega INSPECTOR Carlos Garcia, que apesar de nunca ter trabalhado com ele, tenho a certeza que só não subiu ainda na carreira porque se tem dedicado em exclusivo à ASFIC. É também por causa destes casos e de outros que acho que os policias deviam ser todos inspectores.

Anónimo disse...

Li com atenção os comentários de 24.10 / 21H26 e 25.10 / 09H47.
Seria talvez importante prestar alguma atenção à razão de ser da situação, concordemos ou não com ela.
As três categorias constituíam o modelo existente ainda que com outra denominação: Agente; Subinspector; Inspector.
Tal foi alterado em 1992 devido à necessidade legal de cada carreira ter um número mínimo de categorias e o Inspector tinha então apenas duas: de 2ª e de 1ª classe.
Tudo mudou desde então, inclusivé nas carreiras e elas estão agora centradas no Inspector. Mas importa não esquecer as condições que em cada momento levaram às evoluções orgânicas.
Com todo o respeito, mas parece-me que muitas vezes se fala de assuntos que não se procuram conhecer.

Um Inspector

Anónimo disse...

Concordo plenamente com o comentador das 22:45 e, vou até mais longe. Essas categorias de IC, CIC, CSIC e AIC deveriam ser já extintas e os actuais funcionários que as detêm mobilizados para o quadro de excedentes da Função Pública. Se pensarem bem, verão que esses ditos funcionários nada produzem e dão imensa despesa ao Estado, São, aliás, os maiores sorvedores de dinheiro do orçamento da PJ. E se todos aceitarem sair da sua obscuridade intelectual, a verdade virá ao cimo.
Meus amigos, a verdade é que os IC, CIC, CSIC, AIC e Dirigentes apenas se vangloriam e cultivam uma vaidade pessoal que já não tem correspondência numa PJ que ajudaram a ser cada vez mais ineficiente. Por isso é que utilizam conhecimentos que têm nos jornais para tentar desinformar a opinião pública, dando a ideia de que estão preocupados com o futuro da PJ. Porém, enquanto funcionários superiores e dirigentes no exercício pleno das suas funções, nunca tomam ou tomaram medidas para premiar verdadeiramente o mérito e repor a legalidade na PJ. É que enquanto forem só alguns INSPECTORES a trabalhar para os superiores colherem os louros, está tudo muito bem para eles. O tacho é muito bom se ganharmos bem e nada produzirmos. Também nunca vi nenhum desses funcionários a recusar a utilização abusiva e ilegal das viaturas de serviço, nem a opor-se ao pagamento de piquetes que, materialmente, não fazem, pois não é o facto de constarem, formalmente, em escalas de Piquete e de, em 5 minutos, porem notas administrativas no expediente processado pelos trabalhadores em 24 horas, que se poder considerar que estiveram de Piquete. A verdade é que não sabem sequer o que é uma jornada de 24 horas de trabalho seguidas. Enfim, foi tudo isto que descapitalizou e continua a descapitalizar a PJ. Quantos CIC definem ou definiram estratégias de investigação? Quantos IC elencaram planos de diligências e presidiram às mesmas?. Quantos funcionários destas duas categorias sabem realmente do que tratam os processos pendentes que têm nas suas secções e brigadas? Quantos funcionários destas duas categorias escreveram algo mais nos processos do que notas, que designam como despachos, a remetê-los ao MP ou ao INSPECTOR, dependendo do sentido da tramitação? A preguiça e a politica do "Veja lá isso inspector. Você é que sabe" é bem mais apetecível. Então, se assim é, porque têm telefone de serviço distribuído? Porque têm viaturas, algumas de altissima cilindrada, distribuídas e utilizam-nas, em exclusivo, para deslocações entre a residência e o local trabalho? Fazem ideia de quanto é que isso custa por mês à PJ e ao Estado? Provavelmente mais do que o suficiente para pagar condignamente as horas extraordinárias daqueles INSPECTORES que realmente as fazem. Meus Caros, se houver honestidade intelectual, tem de se reconhecer que, na prática, a PJ só existe, não para prosseguir fins públicos, mas essencialmente para beneficiar alguns dos que nela trabalham. Se souberem ler e meditar sobre este pequeno texto, aplicando-o ao vosso quotidiano laboral, principalmente os INSPECTORES, têm de reconhecer que já não existe razão para a existência duma PJ nos moldes em que funciona. Um INSPECTOR, aquele que realmente produz e vai contribuindo para alguns sucessos da instituição, fá-lo melhor integrado directamente na Organização Judiciária, tendo acima dele verdadeiros TRABALHADORES, nomeadamente Procuradores da República de comprovada competência técnica e experiência profissional. Portanto, a solução da PJ não passa por artigos de opinião ou discursos corporativistas perante ministros a dizer que se tem de manter a hierarquia actual da Secção e Brigada. Pois, com isso, apenas se matêm os privilégios e as mordomias de alguns dos que lá trabalham e que bem sabem não os merecer - entenda-se IC, CIC, CSIC e superiores.

Anónimo disse...

Também defendo tal como o colega das 11 uma pj sem chefes e uma sociedade sem classes. Apoiado, camarada.

Anónimo disse...

Para o anónimo das 11:06, que é sem dúvida um exagerado, deve pagar o justo pelo pecador.

Não pertencendo a nenhuma das categorias que abomina, direi, pondo-me do lado de vista do exagero e quase alucinação (será só?) que o mesmo se pode dizer da maior parte dos colegas INSPECTORES.

De facto grande parte deles prefere nem pensar, quanto mais ter uma ideia. Carrinho para as voltas, muita conversa e trabalho, nada!

Certamente, dirá, estão contaminados pelos tais “superiores” que se demitem das funções e aí encontram o tal exemplo que vem de cima: mau.

E assim, nesse ponto de vista, todos são maus e nada vai para a frente.

Meu caro, se quiser ser honesto, verdadeiramente honesto, também tem muito que vociferar contra a nossa classe.
Alguns, tal qual falou desses “superiores”, estavam melhor em casa, pois no trabalho, não só empatam como procuram envenenar tudo e todos.

Abraço e abra os olhos

Anónimo disse...

Meus amigos e colegas..Eu sou Inspector.

Revejo-me nesta lei orgânica, o que acho que devia ser pago era o trabalho extraordinário dos que trabalham....

- Mais se quisesse ser mandado por um Procurador, tinha ido para oficial de justiça;

- Se quisesse ser procurador ou juiz tinha concorriso ao CEJ e como sabem uma boa "cábula" resolvia o assunto bem como à ordem dos advogados;

- O nosso conteúdo funcional está optimo, é preciso é meios e dinheiro para que o mesmo seja concretizado;

- Os senhores que acham que o consteúdo funcional não está bem são os "mercenários" que só estão na Polícia pois lá fora ninguém os quer. Outros, como eu já fui convidado para sair e nunca o fiz porque amo esta causa. A nossa Polícia Judiciária.

Vou-me rir é qundo for nomeado outro Director

Anónimo disse...

Quero em primeiro elogiar a coragem dos colegas das 22 e 45 e das 11 e 06 e também do autor deste blog que permitiu que finalmente, os nossos verdadeiros problemas pudessem ser dicutidos em liberdade e entre todos.

Tenho que concordar com a proposta de se acabar imediatamente com os IC, CIC, CSIC e assessores e acho que quem conhecer bem a nossa casa e o que eles têm (des)feito por ela só pode estar tambem de acordo.

Também sou de opinião que se deviam acabar de uma vez por todas com os louvores e crachás de ouro (até porque o ouro está caro) mas acho que isso não basta.

Os inspectores deviam deixar de ser avaliados pelas chefias, que não têm legitimidade nenhuma para os classificar, que são eles quem tem levado esta policia ás costa.

A unica coisa que deveria distinguir os inspectores devia ser apenas o seu tempo de serviço e não o dr antes do nome (agora até há quem já ponha mestre), os louvores ou as classificações.

Podem achar que é demais mas só desta maneira objectiva podemos acabar com as injustiças e compadrios.

Anónimo disse...

Bravo anónimo das 21.13. Escreveu um hino à mediocridadde, tal como defende a actual direcção da ASFIC/PJ. Parabéns.

Investigador criminal disse...

Caros "comentadores",
agradeço a todos os vossos comentários, mas tendo como objectivo tornar este blog um forum de discussão sério e não uma arena de peleja gratuita, informo que no futuro o blogger irá reservar a publicação de comentários apenas para aqueles que, efectivamente, tenham reflexões pertinentes para o blog.

Anónimo disse...

ja ca faltava o lapis azul do censor. Demorou, mas veio: a condizer com os tempos que se vivem

Anónimo disse...

-Podemos não concordar com actuações dos Directores, até aí, tudo bem!
Mas ansiarmos por um desembargador para nosso DN? Ou um procurador?
Em vez de alguém da casa? Seja ele quem for?
Há qualquer coisa que tem de estar mal!!!

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