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Antes do mais, os meus parabéns ao bloger por nos proporcionar este espaço de discussão onde, ao abrigo do anonimato, se pode dizer o que se quer e chamar as coisas pelo nome.
Por exemplo, à boa maneira das gentes do Norte, chamar tripas às “tripas à moda do Porto” e não dobrada, adjectivo que traz à memória algo que não tem firmeza, que se molda.
Do que tive oportunidade de ler, ainda há quem ache que a ASFIC são os colegas que democraticamente foram eleitos para os cargos dirigentes e não o universo dos associados, sejam do Norte, do Centro, do Sul ou das Ilhas.
E antes que alguém possa pensar que advogo em causa própria, informo que não sou sindicalista e já passei do prazo para aspirar a um lugarzito de nomeação.
Em mais de duas dezenas de anos ao serviço desta instituição, já contei oito Directores Nacionais e outros tantos de departamento. Confesso que a nomeação de um polícia para o cargo de DN não me deixou entusiasmado, já que considero que foi uma brilhante cartada do poder político, que perspectivava a unificação das polícias – nada melhor que demonstrar que a origem do mal não residia no facto de o DN ser magistrado, mas na nossa (da PJ) incapacidade para nos mantermos autónomos.
Não sejamos ingénuos. O lugar de DN é de confiança política, seja ele magistrado ou polícia, chame-se ele AR, XX ou ZZ e quem aceita aquele cargo tem necessariamente ambições - é aí que reside o problema.
É que, enquanto que os magistrados nunca deixam de o ser e a PJ serve-lhes de trampolim para subirem na sua hierarquia (quando não abraçam a vida política e se esquecem que foram DN desta casa), um polícia desce do mais alto poleiro para a sua categoria, com todo o mal estar, perda de estatuto e de mordomias de que até aí usufruía.
Qual será então a apetecível atitude? Acalmar as águas, enganar os representantes dos funcionários, adiar decisões, não perturbar a vidinha de quem lhes deu o tacho, na esperança de no fim ter direito a outro tacho fora da organização a que pertence.
Vejo alguns colegas perturbados com os ataques a um DN, ex-dirigente da ASFIC, que nada fez pela “sua” casa, que não foi capaz de afrontar o poder político, mas foi capaz de atacar publicamente o representante máximo dos funcionários.
Mas não os vi, nem vejo, perturbados com o facto de lugares de direcção, nomeadamente de departamentos, serem ocupados por magistrados muito próximos de grupos de poder e influência.
Que haja directores magistrados que se rodeiam de mordomias, que desvirtuam a razão de ser desta casa e passem a investigação para segundo plano, apostem na perseguição e na bufaria, porque sabem que nada lhes acontece porque são os donos da quinta.
É óbvio que o DN não tinha e provavelmente nunca terá condições para pagar o trabalho extraordinário! Qual foi a sua contra-proposta? E as restantes questões do caderno reivindicativo? E a definição de uma estratégia institucional? E a reestruturação da polícia que de tão morosa contribuiu para o marasmo e se revelou uma mera operação de charme? NADA. Não faz ondas e pode ser que o poder político seja bonzinho e arranje um tachito.
Em suma, do mal o menos. Venha de lá um magistrado, que tenha o bom senso de se rodear de polícias de valor e de gestores, que esta casa bem precisa.
Para o colega que se referiu ao Palma, e porque muito provavelmente tem andado distraído ou um pouco arredado das lides sindicais, a ASFIC aposta num magistrado judicial.
6 comentários:
Um magistrado é mais independente que um polícia? Têm sido mais independentes? Não temos dado lições de independência a toda a gente? Algum magistrado é mais independente que o Teófilo Santiago? Não percebo, aliás, como é que a asfic não apoia abertamente o Teófilo Santiago para diretor nacional. Tem de o fazer. É esse o meu apelo às pessoas da direção da asfic que ainda se consideram verdadeiros policias.
Anónimo o papel da ASFIC não é promove Directores Nacionais...imagine que tinham apoiado AR, uma vez que tinha sido da ASFIC? Com que cara estariam agora?
A minha grande questão aliás, reflectida pelo blogger é que a Policia não tem "massa critica" de dirigentes para que o DN seja policia, que até poderia ser Teofilo Santiago ( não lhe poderemos chamar TS senão ainda se ofende), mas e o resto? Mais uns Magistrados á procura de não ter processos? Já alguém reparou ( consultem as actas disponiveis no MJ) que os "nomeados" pela PJ para a comissão revisora foram Mouraz Lopes e Pedro do Carmo enquanto a PSP e a GNR nomearam a " prata da casa"...pois, mas nós é que somos "muita bons".
Excelente artigo e pleno de razão. Um único senão: o facto de não incutir nenhuma esperança para o futuro da casa.
Espero por novo artigo do colega após o ponto de ordem. Feito o diagnóstico, gostava que agora indicasse soluções, quanto mais não seja para mitigar a dor da chicotada que hoje nos foi dada na zona do bolso...
Fico triste quando vejo colegas a defenderem a "tutela" de magistrados, tipo Pedro do Carmo e afins.
A "massa crítica" dos polícias só se consegue com prática.
Tal como os médicos necessitam de muita prática clínica para "manter a mão", os polícias também necessitam de ter possibilidade para serem dirigentes de modo a poderem ser bons ou melhores dirigentes.
Pedro do Carmo, é o melhor Director que passou por esta polícia.
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A ignorância de muitos de nós é atrevida.
Eh pá. Se há gente que não serve para DN essa gente é o Teófilo Santiago e o Pedro do Carmo. Não servem. Vamos lá a acordar. Está bem que este é um espaço para todos darem a sua opinião. Mas antes de a dar, convém pensar um pouco naquilo que vamos dizer. Qualquer funcionário mais esclarecido e menos emotivo sabe que nenhum desses senhores tem o perfil adequado e capacidade de trabalho para o lugar de DN. Usam a PJ para se vangloriarem e aumentarem os seus curriculos, valendo-se fo facto do comum do cidadão não saber realmente o que é a PJ e o mal que ambos têm feito e ainda estão a fazer à mesma. A PJ não precisa mais de preguiçosos com muito Show-Off. Precisa é do contrário, isto é, pouca parra e muita uva.
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