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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

DESNORTES

Após um artigo que enderecei ao bloger e que aquele titulou de ponto da situação, permitam-me que me dirija ao colega que me lançou um desafio no sentido de avançar com soluções.

Caro colega, infelizmente também não conheço a cura para o cancro.

Certo é que o lugar de DN não é um lugar de eleição, mas sim de escolha, pelo que de nada adiantarão campanhas eleitorais, apelos ao voto neste ou naquele candidato, artigos mediáticos de promoção pessoal, verdadeiras fogueiras de vaidades.

Aliás, o legislador tratou de enunciar na LOPJ quem pode ser nomeado pelo poder político para os lugares de direcção, aparecendo sempre nos lugares cimeiros magistrados judiciais e magistrados do MP, e por certo não é por serem mais sérios que os polícias.

Assim sendo, parece-me que a questão deve ser posta ao contrário. Qual o perfil da pessoa que a tutela deve escolher para dirigir esta organização? Ou, se preferirmos, que tipo de director esta casa merece?

Todas as organizações, para além da missão que lhes está atribuída e que no caso da PJ está vertida na lei, têm a sua própria identidade. Será que nós, os profissionais da PJ, nos identificamos com esta organização? Quais são as nossas referências?

Será que temos massa crítica e não produzimos apenas criticazinhas comezinhas?

Será mais importante e produtivo discutir quem é o DN que o poder político deverá escolher independentemente da nossa vontade, ou discutir esta organização desorganizada que é a PJ?

Identificamo-nos com o tipo de formação ministrada pela EPJ, com a UDI, com a URHRP, com a inexistência de gestão (material e humana), etc., etc.?

Já se questionaram porque razão NENHUM concurso é transparente? Porque razão os trabalhos apresentados pelos CIC nos concursos a CSIC não são públicos? Porque razão as chefias administrativas continuam a ser de nomeação, independentemente de os nomeados não terem formação adequada ou experiência?

Penso que todos nós temos consciência de que a PJ funciona a várias velocidades, tantas quantas as unidades, ou seja, cada cabeça sua sentença. Que raio de organização é esta?

Seremos nós, os profissionais de polícia, capazes de organizar esta Organização desorganizada?

Para que se possam detectar as diferenças e, nomeadamente para que se apure se esta polícia tem Norte, cá vai:

- Há um departamento, ao que se diz o maior do país, onde o Director (Magistrado) não abdica de dois seguranças em exclusividade, que diariamente o transportam a casa, a cerca de 75 km de distância (provavelmente com autorização superior), quando o quadro de seguranças está altamente deficitário para executar as suas funções em pleno, no que são substituídos pelos Inspectores, nomeadamente no transporte e guarda de detidos e presos;

- Já houve dois AIC, prateleiras de oiro criadas para encostar aqueles que ocuparam lugares de direcção e/ou para não terem que regressar às respectivas categorias, e que nada ou muito pouco produziam;

- Há uma CSIC que continua a executar funções de CIC, como se as funções destas categorias fossem as mesmas (que desperdício!);

- Há CICs que apreciam tanto a chefia operacional, que tudo fazem para se imiscuírem no trabalho dos IC e um deles até já acumulou a chefia de uma brigada por despacho do director;

- Continua em vigor um despacho que, ao arrepio da LOPJ, determina as substituições dos CIC entre si, nas suas ausências ou impedimentos, em detrimento dos IC;

- Os Inspectores continuam a ser tratados como operários e “pau para toda a colher”;

- Há funcionários, da investigação e do apoio, vítimas de verdadeiro assédio moral ou castigados porque fazem valer os seus direitos;

- Há uma Chefe de Área que não abdica da sua secretária privada, quando os funcionários de apoio às Secções de investigação são claramente insuficientes;

- Há um Especialista Superior, ex-professor de ginástica na EPJ, colocado no LPC sem que tenha formação académica para aquele serviço, pelo que não se sabe o que faz;

- Há um Super Chefe de Sector que é especialista auxiliar de Esc.3, sem qualquer formação profissional ou académica, que chefia a secretaria, o parque automóvel, a manutenção, a contabilidade e as compras (ligação explosiva esta última, também acumulada por uma Chefe de Núcleo, não acham?);

- Há uma Chefe de Sector, também ela especialista auxiliar, que chefia os recursos humanos e, pasmem-se, o Núcleo de Segurança;

- Há um Chefe de Sector, também especialista auxiliar sem qualquer formação (mesmo moral), que chefia o STI, onde só podem estar colocados especialistas adjuntos com formação adequada.

É caso para perguntar:

Acham que esta Polícia tem (des)Norte? Qual o perfil do DN de que esta organização necessita?

14 comentários:

Anónimo disse...

O problema tão criticamente abordado no blog sobre a falta de “massa critica” dos nossos CSIC’s, poderá ser uma falsa questão.
De facto, temos muitos CSIC’s que não têm opinião sobre nada nem querem ter, “gentinha” que poderia muito bem ir para o quadro da mobilidade.
O que eu gostaria de saber é quem são os magistrados que têm opinião sobre o sistema de investigação criminal português ou sobre a PJ em concreto?
Presumo que seja importante conhecer o pensamento sobre a polícia e os polícias, do magistrado que possa vir para a PJ. Eu não conheço nenhum, mas devo ser caso raro.

Anónimo disse...

Para quem não leu a notícia da revista Sábado fala-se lá de três nomes para director nacional da nossa casa, felizmente sãp todos desembargadores como bem defende a asfic. Acho que qualquer um serve mas com a a Maria José será a que melhor poderá defender as nossas justas reivindicações. Para além de já ter dado aulas na escola é prima da Antónia Anes que é funcionária administrativa da Polícia Judiciária e que agora é assessora da Ministra da Justiça e muito amiga dela. Por isso estaria em muito boas condições para defender os nossos interesses. Já relativamente ao Sousa Pinto tenho algum medo porque é muito amigo do Fernando Negrão que sabemos que defende a policia unica.

Anónimo disse...

Mas para além de prima da Antómia Anes é também muito amiga do João Palma dos tempos em estavam os dois na IGAI a põr os policias na ordem juntamente com o Clemente Lima. Não seria melhor o Mouraz Lopes?

Anónimo disse...

Para mim nenhum deles. Na vida não se pode estar com amizades, mas por competência.

O melhor Director é o Almeida Rdrigues, que deve continuar segundo ontem o discurso da Ministrta.

Anónimo disse...

São todos bons rapazes.
Criminosos são os Inspectores. Neste momento, e como bem se diz no texto, eles são pau para toda a colher.
Já vai para vinte anos que a investigação foi subalternizada a favor da carreira adminstrativa.
Álias, a P.J. foi criada tendo como escopo a via administrativa...não foi?...
O investigador tem que passar por um curso (filtro) e ter estomago para aturar e conviver com as amarguras e desgraças de um povo...é uma coisa muito chata mesmo.
O melhor mesmo é o Dr. administrativo, com todas as benesses.
Os gastos e boa vida devem-se mesmo a essa cambada de inspectores que nunca deviam ter existido na essência da P.J.
E assim vai Portugal, uns vão bem, outros nem por isso...

Anónimo disse...

Foi subalternizada pelo Dr. Marques Vidal que era desembargador ou conselheiro, como esta direcção da Asfic pretende. Alias por isso mesmo esta direcção da Asfic convida o Marques Vidal para estar presente em todo o lado. Já penso que devemos arranjar uma alternativa que seja melhor para a Asfic e para todos.

Anónimo disse...

Deixe-me perceber!
O dn norte faz Duas viagens diarias, ida e Volta, no total 300 km, fora os desvios e recados. Carro de topo e consumo a condizer, mais 2 segurancas a tiracolo. Certamente neste cocktail tambem ha a judas de custo, nao?
Mas isto 'e pouco. Certamente 'e da origem humilde...por favor deixem as pessoas trabalhar!...

Anónimo disse...

Não se percebe..

Quem não se revê na actual ASFIC, não quer dizer que se reveja no A.R..

Se calhar a alternativa é encabeçada por amiguinhos ou ex-amiguinhos do Garcia..

Mas, tudo indica, pelo trabalho apresentado e pelo discurso da Ministra que Almeida Rodrigues, será reconduzido.

Pelo menos é um de nós.

José carlos

Anónimo disse...

Algures um senhor critica a carreira administrativa ora são carreiras bem diferentes, que deveriam conviver em harmonia mas com esses comentários fica-se a saber que existe ainda neste séculos pessoas que defendem funcionários de primeira e segunda.
Existem em todas as categorias bons e maus funcionários, e perdoem-me mas uma parte significativa vê nos administrativos seus empregados, ou no caso das senhoras (administrativas) alvos para conquista fácil...
Fala-se nos casos de sucesso cultural dos países nórdicos... bem ao menos por lá, pese embora algumas excepções não há este desconforto nas carreiras... se não querem administrativos tenham a dignidade de não lhes pedirem favores do género: - levas-me a justificação da consulta ao SRH, etc., etc..
Todas as categorias tem dignidade e devemos todos saber conviver em harmonia. Não confundir "alvos" administrativos com a carreira administrativa.
Também por isto a PJ está como está!
Palavras tolas leva-as o vento dirão mas a atitude de muitos investigadores contra a carreira administrativa leva-me a pensar que nasceram todos doutores ou inspectores... muitos com uma vida profissional tão duvidosa como muitos administrativos...
Para bem da PJ deixemo-nos de merdas e tente-mos fazer desta polícia o que ela já foi e merece!

Anónimo disse...

Ao senhor/a das 08.31 sobre texto das 11.48.
Esclarecendo:
O comentário em causa visava apenas e tinha por base o denunciado no artigo "Desnortes".
Nada tem a ver ou está contra os funcionários administrativos e suas chefias, mas o modo como as coisas ali aparecem descritas.
Devo tão singelamente referir que em todas as instituições ou empresas existe a parte operacional e a logistica. Só com o entendimento e boa harmonia/gestão desses recursos se pode singrar.
Sobre o restante abstenho-me de comentar, pois nem sequer tenho paciência ou tempo para isso tipo de reparos.

Anónimo disse...

Caro Senhor/a das 10.48 disse a parte operacional e a logística? Não haverá aí qualquer confusão de papéis? Então o seu dirigente sindical que está no SIIC é da parte operacional ou é da parte logistica?
Ainda não percebeu que nada se ganha com esta luta fraticida? e que não são os quadros do apoio que têm culpa dos vossos fracassos e da estratégias erradas que seguem? Trate-nos com o respeito que merecemos e que esta casa nos merce a todos.

Anónimo disse...

Sim, sim e o Carlos Garcia que vive há anos emcostado aos directores da DCITE e sob a asa protectora de dirigente da Asfic será operacional ou da logística ? Vão trabalhar.

Anónimo disse...

E se calhar o senhor/a das 16:28 nem sabe que esse tal senhor dirigente sindical gosta tanto da logistica que se valeu do sindicato para não ir trabalhar para a parte operacional. Como outro colega já disse noutro comentário deste blog e eu apoio, há pessoas na direção da Asfic que deviam era estar na Asftao. É verdade e não ofende.

BOLALAYTE disse...

Ai que saudades eu tenho dos meus tempos de menino!...
A Polícia Judiciária em grande estilo de crescimento a todos os níveis, conquistando tudo e todos, com trabalho, com brio,dedicação, com dignidade, com amizade, até apelidavam a Polícia de Super corporativista... Não existiam sectarismos nem lobies, não escondendo que já nesse tempo o Senhor Cunha já morava na Instituição, mas tinha o olho para escolher pessoas diligentes e com vontade de aprender e trabalhar.
Nesse tempo em que existia uma Directoria e nos outros grandes centros eram Subdirectorias... Os desigados Directores e Subdirectores eram oriundos da magistratura, os últimos Delegados Procuradores da República e o resto Inspectores, agentes e outro pessoal administrativo.
Á uns anos a esta parte, tudo mudou,as carreiras, os comportamentos,os agraciamentos, a lealdade para com cada um no exercicio das funções, o uso e abuso dos meios de transporte em favor pessoal da parte de quem para continuar a ter legitimidade para criticar deveria evitar, as guerras e disputas internas desde o topo até ás bases tanto na carreira de Investigação como no Apoio.
Tal como a "Inveja matou Caim" temo que a Instituição PJ se desmorone e seja absorvida por outro ministério, onde a ambição do seu GENERAL é controlar todas as acções da INVESTIGAÇÃO CRIMINAL.
Importa neste momento que TODOS sem excepção, acordem, e se deixem de invejas e disputas e contribuam para o renascer desta nossa Instituição, que na verdade está entregue a gente que não sabe nada da essência DELA, entregando os lugares ás amizades, mesmo sabendo-se da incompetência profunda que essas pessoas padecem,tornando-a vulgar. Também se assiste de tempos a tempos á atribuição de crachás e menções por mérito, bem como promoções, simplesmente por politica, a pessoas que não desmerecendo apenas fizeram o seu trabalho, cumprindo isso sim os objectivos para os os quais foi contratado. Vamos tentar pensar e mudar o rumo das coisas, em vez de nos recriminarmos ou desvalorizando uns aos outros, pois na Instituição todos têm o seu lugar, devem é sim dignifica-lo... Só assim a massa critica será mais forte, construtiva e valorizada.

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