Debate de temas sobre a Policia Judiciária, investigação criminal, prática judiciária e temas de direito. Se quiser enviar artigos: invescriminal@gmail.com

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Fontes......

Comentário recebido via mail

Não tenho muito tempo como INSPECTOR desta POLÍCIA JUDICIÁRIA, apenas 21 anos, ainda que sem grande dedicação e profissionalismos (segundo as regras que permitem a atribuição de louvores ou outros agraciamentos), já que ainda não fui agraciado com qualquer um desses "PRÉMIOS".
No entanto, tal tempo de serviço, já me permitiu passar por diversas situações, mais ou menos complexas, mais ou menos alegres, mas permitiu-me ir apreendendo a ser investigador policial, seja por via de formação académica seja por via da troca de experiências ou ainda por beber a sabedoria de outros investigadores mais velhos ou mais experimentados nas situações com que me fui deparando, independentemente do tempo de serviço de cada um.
Se algo apreendi, muito cedo na minha carreira, é que a recolha de informação é algo fundamental no trabalho da POLÍCIA JUDICIÁRIA, ao ponto, de no início da minha carreira, uma das secções mais em voga na altura ser as Externas já que os colegas que ali trabalhavam tinham sempre boas fontes de informação a quem recorriam sempre que tal era preciso independetemente do assunto em causa.
Não vou agora, questionar o que as sucessivas direcções fizeram a esse trabalho, mas apenas relembrar que essas fontes nunca eram reveladas sendo que a informação recolhida apenas era utilizada para orientar a investigação apontando para onde, quando e como se poderiam recolher os elementos de prova que nos permitiam encontrar o autor do crime e provar a sua culpabilidade. Aliás, quero crer que, mesmo nos dias, de hoje, tal é ensinado aos Inspectores mais novos desta POLÍCIA, aliás não tenho dúvidas de tal perante os contactos que tenho tido com os jovens Inspectores.
Perante isto, causa-me arrepios ler a notícia de que o Sr. INSPECTOR CHEFE Manuel Rodrigues elaborou um relatório formal sobre uma conversa tida com um individuo na qual o mesmo lhe relata o sucedido quando do assassinato de Manuel Palha, sendo certo que, pelos vistos, tal conversa não serviu para ajudar a recolher elementos que comprovassem essa mesma conversa, sem envolvimento da fonte anónima, o que levou a Juíza Presidente do julgamento a ordenar ao Sr. INSPECTOR CHEFE a revelar tal fonte anónima.
Ainda mais grave, no meu entendimento pouco profissional e dedicado, é a desculpa apresentada pelo mesmo INSPECTOR CHEFE, que terá mencionado à Juíza Presidente que revelava a fonte mas sacodia a responsabilidade das consequências que daí poderiam advir para a fonte. Mais uma vez, este senhor voltou a errar de forma drástica e desprestigiante para esta POLÍCIA JUDICIÁRIA, já que não se lembrou que ao elaborar o relatório e incluído na investigação, se estava a colocar a jeito para ser confrontado com esta mesma ordem pelo que a responsabilidade do que vier a suceder à fonte é unicamente sua e não da Juíza Presidente pois a mesma poderia ser confrontada com tal pedido vindo de advogados de defesa nem a mesma teria condições para julgar sem ter elementos.
Relembro que está em causa o comportamento de um INSPECTOR CHEFE, que como tal deve ser referência para os Inspectores, o que neste caso espero que não seja, assim como está em causa alguém que foi presidente da ASFIC.
Por estas razões, prevejo mais um louvor.

11 comentários:

Anónimo disse...

O comentário do colega é muito acertado. É caso até para perguntar comó é que o IC Manuel Rodrigues chegou a presidente do nosso sindicato. Felizmente que agora a ASFIC tem como dirigentes excelentes profissionais que são um exemplo para todos nós. Não é por acaso que nunca se lembrou deles para os louvores ao contrário do IC Manuel Rodrigues, que no minimo vai receber um crachá de ouro igual ao do Teófilo Santiago.

Anónimo disse...

E ambos bem merecidos, graças a Deus...

Anónimo disse...

Sempre que Sao atribuidos louvores estala a polemica. No ano passado, em VilaReal, foram agraciados os colegas de BRaga, por um tal grupo denominado do Minho. Ao mesmo tempo, 2003/04, o Porto parece que investigou um grupo bem mais violento, tb com muitos assaltos no norte e ate no Minho, tudo esclarecido e penas bem pesadas. Ao que sei foram penalizados, ja nao investigam estes crimes. Foram substituidos por um novo figurino liderado por um coordenador, queriam impressionar Lisboa, mas o barco parece que esta a afundar...

Anónimo disse...

Se não fosse um colega a contar, e de uma forma tão clara e transparente que torna a sua versão credivel, eu não acreditava naquilo que ele escreveu. Não que me surpreenda, pois, tal como o colega autor do texto, nos 21 anos de Policia que já detenho, todos muito trabalhados em diferentes áreas e a lidar com gente de todas as categorias profissionais, já praticamente nada me surpreende no funcionamento da PJ. Porém, confesso, esta conseguiu ainda cativar a minha atenção. Como é que é possivel? Realmente, a ser verdade o relatado, o mesmo realça mais um caso de falta de estratégica e táctica das investigações. Eu estou colocado num dos Departamentos da área de Lisboa, mas se bem me lembro, pelo que consegui inferir da comunicação social, os vários casos da noite branca do Porto tinham tantas especificidades, incluindo crime organizado, que, a meu ver, requereriam atenções redobradas e muitos cuidados a ter com a informação a colocar nos processos. Tal como o autor do texto escreve, o problema não é da Juiza, mas de quem, inacreditavelmente, terá colocado nos autos uma informação recolhida de fonte que, por razões que até um bébé de 6 meses sabe, não pretendeu identificar-se.
Quanto aos louvores, caros companheiros, penso que se dá demasisada importância a algo que já se provou que não tem importância nenhuma, até pela forma descuidada como são dados. Eu também não tenho nenhum e também não quero ter, pois, para mim, só merece ser louvado o cantoneiro que estava a desentupir as sargetas da via pública e, ao ver 3 indivíduos encapuçados e armados a sair duma ouriveraria com sacos às costas, conseguiu imobilizá-los até à chegada da Policia, ou o Inspector da PJ que quando regressava a casa exausto do Piquete de 24 horas, vendo uma rua da zona baixa de Sacavém, por falta de limpeza das sargetas, inundada quase até à altura do 1º andar, pondo em risco a vida dos inúmeros idosos acamados que nela habitavam, em vez de ficar estático como os demais mirones que lá estavam a assistir e a dar palpites, se lançou a nado e conseguiu desentupir parte das sargetas, ganhando assim tempo até à chegada da Protecção Civil, acabando por salvar todos os idosos. Agora, cantoneiros louvados por limparem bem as ruas, ou PJs louvados por tudo e mais alguma coisa, penso que não tem qualquer relevância e faz lembrar aquele louvor do então Ministro Freitas do Amaral a um dos seus motoristas pela dedicação e paciência que teve em conduzir a mulher do ministro nos seus afazeres domésticos. Também saiu no Diário da República, é só consultar.
Dir-me-ão alguns - Não é bem assim, pois os louvores valem pontos nas avaliações para as progressões - Porém, mais uma vez a meu ver, nada de mais errado. As progressões na carreira, como se tem visto, têm em conta outras questões bem mais alarmantes, tais como, entre muitas outras que conhecerão mais do que eu, a mudança de critérios a meio do concurso ou a inclusão de juris menos qualificados do que aqueles que pretendem avaliar.

Anónimo disse...

É de facto lamentável que um Inspector-chefe com o tempo de serviço e a suposta experiência do Manel Rodrigues tenha praticado tamanho erro. Matou a fonte literalmente. Mas... devemos desculpá-lo pois são muitos anos de assessoria e equipas especiais.... é muita convivência com doutores...
Já nem me lembrava que ele tinha sido presidente da ASFIC

Anónimo disse...

A PJ continua a ser uma casa em que é muito fácil criticar o trabalho dos outros. Não sei se o IC Manuel Rodrigues testemunhou da forma como vem nas noticias mas acredito que se o fez tinha motivos para isso. Mas mesmo que não tivesse, fico sempre espantado com aqueles que logo dizem logo que eles nunca seriam capazes de tal coisa. Haja um bocadinho de vergonha. Todos os dias se cometem erros na PJ e alguns bem mais graves. A diferença é que só são noticia quando é preciso queimar alguém. A pergunta que eu faço é se a luta sindical justifica este dizer mal dum para depois se dizer muito bem dos outros e duma maneira bacoca. Com que então os actuais dirigentes da ASFIC são um exemplo para todos nós? Ao menos sejam mais modestos nos auto-elogios para não parecer tão mal. E sobre os louvores, era bom que se lembrassem que quando dizem mal estão também a dizer mal dos colegas que os receberam. E se há alguns que são injustos há muitos outros que são merecidos. E também que se há quem nunca tenha recebibo um louvor se calhar é porque também não merecia, ou somos todos bons profissionai? Infelizmente parece que há muita gente que concorda com aquele comentador que acha que na PJ só devia haver inspectores e que só devia contar o tempo de serviço.

Anónimo disse...

Concordo completamente com o fim dos louvores. Em vez disso acho que devem é começar a ser cobradas multas a quem os chefes acharem que não trabalham o suficiente Assom em vez de prémios devem passar a ser dados castigos. Se calhar é mais justo e até mais motivador.

Anónimo disse...

Ao anónimo das 31 de Outubro de 2011 13:18.
Não entendo como podes colocar dúvidas sobre erro tão grave por parte do Sr. IC.
Não cabe a cada um dos investigadores ter noção correcta das consequências dos seus actos?
O erro deste IC não foi só revelar a fonte mas sim antes, pois nunca deveria ter feito constar qualquer relatório com a referida conversa. Ao colocar no inquérito esse relatório, deu a oportunidade para passar por esta situação.
Entendo perfeitamente que nunca poderemos dizer que não cometemos erros mas quando percebemos que os cometemos, devemos não alargar o seu efeito. Pois bem, neste caso, além de ter cometido um erro infantil, ao colocar o tal relatório da conversa, agravou-o por revelar a fonta quando poderia ter tido a frontalidade e dignidade de se sujeitar às medidas que lhe viessem a ser impostas. Medo temos todos, agora a diferença é como lidamos com esse medo. Este Sr. deveria ter arcado com as consequências do 1º erro, esse sim o erro principal.
O facto de ter revelado a fonte, nada trouxe de útil, a não ser para a defesa, pois, como seria de esperar, a dita fonte "Bechkam", acabou por negar tal conversa.
Resumindo, esteve mal no relatório, esteve mal ao revelar a fonte e não se lembrou que a simples nega por parte da fonte deitaria por terra qualquer facto positivo que poderia resultar, e ainda descrebilizou a PJ e os seus Inspectores.
Com estas posições, quem vai querer ter conversas com Inspectores da PJ.

Anónimo disse...

"Há razões que a própria razão desconhece".
Com a experiência e a eloquência do IC Manuel Rodrigues, algo o terá levado a, "não conseguindo prever as consequências" revelar a sua fonte.
Consequências que, pensará qualquer investigador, poderão passar pela execução da fonte e pelo irremediável sentimento de insegurança que os informadores passarão a sentir doravante.
Se calhar, a acusação da brilhante investigação feita pela equipa especial criada na dependência do DCIAP, estava em boa medida suportada naquela informação anónima. E então... Desespero de causa, meus amigos. Desespero de causa.

Anónimo disse...

Caro anónimo das 22,25 até posso concordar consigo nalgumas coisitas mas já reparou que a Asfic tem no site uma fotografia de vários investigadores? Já reparou que isso poderia prejudicar-lhes o trabalho...

Anónimo disse...

A preocupação do colega das 18 e 14é legitima mas se bem reparar muitos dos colegas que aparecem na fotografia até podiam andar fardados todos os dias que para o trabalho que fazem ia dar ao mesmo. Até se consegue ver na primeira fila uma colega inspectora mesmo ao lado do colega da ASFIC do Porto que está no SIIC, a quem o AR condecorou com um crachá de bronze no nosso aniversário. Terá sido merecido? Pelos vistos na direção da ASFIC são todos contra os louvores enquanto não lhes calha nenhum.

Quanto ao IC Manuel Rodrigues, embora não tenha concordado nada com a participação dele na equipa da procuradora Helena Fazenda nem ache que tenha agido correctamente ao revelar a fonte, por alguns comentários que aqui se podem ler também sou dos que acha que está a ser vitima de uma autêntica perseguição por parte de alguns dirigentes da ASFIC. Mas esses senhores estão com medo de quê? Deviam era preocupar-se em acabar com o saque a que estamos a ser sujeitos todos os dias em vez de só estarem preocupados em dizer mal dos nossos. E já que a direção da ASFIC parace que gosta tanto delas, também pergunto: acham que assim ficamos bem na fotografia?

Arquivo do blogue

Acerca de mim

Lisboa, Portugal
Investigador Criminal